sábado, 6 de abril de 2013

Revoluções Por Minuto em São Luís



*Patricia Cunha


Juntos novamente, por tempo indeterminado, segundo a própria banda, e mais do que nunca, à milhões de revoluções por minutos, o RPM, vem a São Luís pela primeira vez com a formação que a consagrou como um dos grupos de maiores sucessos do rock brasileiro nos anos 80. Paulo Ricardo (baixo e voz), Luiz Schiavon (teclado), Paulo P.A. (bateria) e Fernando Deluqui (guitarra), se apresentam logo mais, às 22h, na Lagoa da Jansen, com um show inédito mostrando novas canções e grandes sucessos, além de versões internacionais de músicas consagradas. A festa é uma produção da Pororoca Auera Auara  e terá ainda o DJ Glaydson Botelho e Pandha.
Paulo Ricardo bateu um papo com O Imparcial e revelou, dentre outras coisas, a vontade de continuar com a banda para sempre. As idas e vindas do grupo serviram para fortalecer a amizade da banda e mostrar o amadurecimento musical. “Estamos mais maduros, como pessoas e como músicos, e convivemos como uma família. É uma grande conquista, com tantos anos de carreira, constatar que somos percebidos como o classic rock brasileiro”, admite Paulo Ricardo.
Nessa turnê o grupo divulga Elektra (2011),  o primeiro álbum de estúdio com a formação clássica do grupo em 23 anos e marca a chegada de novos elementos ao repertório do RPM. Com uma superprodução e efeitos tecnológicos, o show começa leve e manso, com músicas inéditas, para depois empolgar o público. O setlist começa com Muito Tudo, Dois Olhos Verdes, Ela é Demais. Dois Olhos Verdes, aliás, ganhou um videoclipe, que também é o primeiro do grupo após 23 anos. A banda não lançava um clipe desde a época de Partners, canção do disco conhecido como Quatro Coiotes, de 1988.
Não poderão faltar, claro, os clássicos da banda como Rádio Pirata, Olhar 43, Alvorada Voraz, Loiras Geladas, London, London e Vida Real, música tema do programa Big Brother Brasil, da TV Globo, entre outras. O show tem também com um momento acústico, no qual o grupo se aproxima bastante da plateia e faz um pout porri que começa com Wish You Were Here, do Pink Floyd e finaliza com Easy, do The Commodores.

O retorno definitivo  - O RPM foi um dos grupos de maiores sucessos do rock brasileiro nos anos 80. Seu segundo disco, Rádio Pirata Ao Vivo, foi um fenômeno de vendas, chegando a mais de 2 milhões de cópias. Após a separação prematura do grupo (formado em 1983), em 1988, o vocalista Paulo Ricardo teve uma carreira de sucesso como cantor romântico nos anos 90. A banda se reuniu em 2001 e lançou um disco ao vivo em 2002. No entanto, antes de produzir outro álbum de inéditas a banda se separou de novo em 2003.
O retorno começou a se desenhar em 2008, quando foi lançado o box comemorativo de 25 anos de carreira. A Rede Globo resolveu homenageá-los no programa Por Toda a Minha Vida, e dali para conversas sérias sobre a volta foi um pulo. Em 2011 fizeram alguns shows e finalizaram o ano com 70 apresentações pelo país, mirando nos três dígitos de shows em 2012. Para 2013 o grupo pretende lançar um CD de inéditas e um  documentário com imagens de turnês e entrevistas que o grupo vem fazendo desde o lançamento do Elektra, previsto para o segundo semestre. Confira a entrevista com Paulo Ricardo!



O Imparcial - O RPM está de volta, depois de várias idas e vindas. Qual foi a sensação de estar no palco de novo com a formação original da banda?
Paulo Ricardo - A sensação foi a melhor possível. A ideia foi retomar a maneira tranquila e orgânica de trabalhar que tínhamos no começo. Essa é a forma com que a banda tem melhor desempenho, e com essa visão distanciada 28 anos no tempo isso se tornou muito claro para nós. O show está super amarrado, estamos à vontade no palco.

O Imparcial - A banda surgiu em plena efervescência do rock brasuca e depois de um tempo cogitou-se dizer que o rock brasileiro tinha acabado, porém as mesmas bandas que faziam sucesso nos anos 80 continuam aí produzindo e fazendo sucesso (como Titãs, Paralamas, Capital). Você concorda? 
Paulo Ricardo  - Concordo, claro. É uma grande conquista, com tantos anos de carreira, constatar que somos percebidos como o "classic rock" brasileiro, e que conseguimos criar uma tradição de grandes espetáculos, grandes produções. Mais do que um gênero musical, o rock é uma atitude, um estilo de vida. Em todo o mundo se fala sua linguagem universal. Mas a música brasileira é muito rica, e o rock é apenas uma de suas facetas, mas com uma enorme capacidade de adaptação. Rock'n'roll can never die!

O Imparcial - Você acha também que isso deve à falta de surgimento, ou de permanência de novas bandas?
Paulo Ricardo  - Não. Acho que se deve ao fato de fazermos músicas de qualidade. Espaço há para todo mundo que faça rock de qualidade.

O Imparcial - Como foi que você entrou no mundo do rock, e como está o Paulo Ricardo hoje, perto dos cinquenta anos?
Paulo Ricardo  - Canto desde sempre, e por isso, aos 5 anos uma professora me levou a um programa da Globo apresentado por Augusto César Vanucci. Essa foi minha estreia na televisão. Nessa época, o Roberto de "Eu sou Terrível" era definitivamente a minha maior influência. O Paulo Ricardo de hoje é o mesmo de sempre, mas casado, formando uma família. Tenho um enorme prazer de tocar numa grande banda de rock e se Deus quiser, espero fazer isso muito tempo ainda.

O Imparcial - “Olhar 43”, por exemplo, é uma das músicas que ultrapassou gerações e “Elektra” vem com inéditas. Musicalmente o RPM compõe da mesma forma?
Paulo Ricardo  - Sim. Na verdade, RPM é RPM. De certa forma, deixamos de lado essas “individualidades” e nos amalgamamos em algo maior que a soma dos quatro quando trabalhamos em conjunto. Há uma influência mútua muito forte e o resultado é o que se pode chamar de mágica, ou química, como preferir.
Temos marcas próprias, estilo próprio, uma maneira de compor e tocar que são particulares e valorizamos muito isso. É claro que ninguém aqui é surdo e temos ouvido de tudo na cena do pop-rock desses anos todos, mas filtramos isso com a nossa maneira de fazer música.

O Imparcial - O RPM pretende fazer o mesmo sucesso estrondoso que fez quando surgiu?
Paulo Ricardo - Ainda fazemos. E a busca é sempre pelo melhor.

O Imparcial - Como está o RPM hoje?
Paulo Ricardo - O conceito é de um RPM update, de identificar e desenvolver nosso estilo, nossa marca, uma banda de tecnopop, um rock dançante, eletrônico, com letras instigantes. Uma banda que se orgulha de sua história, mas que olha pra frente.

O Imparcial - E como está o relacionamento da banda hoje?
Paulo Ricardo - Nunca nos demos tão bem. Cada um tem sua individualidade, mas estamos mais maduros, como pessoas e como músicos, e convivemos como uma família.

O Imparcial - Quando você não está trabalhando o que costuma ouvir?
Paulo Ricardo - Rock n`roll, sempre!

O Imparcial - Quem do cenário atual vc aponta como uma boa banda?
Paulo Ricardo - Gosto muito do The Killers.

O Imparcial - Há algum projeto novo que estejam já trabalhando?
Paulo Ricardo - Sim. Este ano, o a gente se prepara para lançar um disco que conta com músicas inéditas, a própria “Vidro e Cola (Linda)”, a nova versão de “Vida Real”, tema principal do programa BBB e “Vício (Miss You)”, versão em português da música do Rolling Stone, autorizada por Mick Jagger. O novo CD será lançado junto com um documentário com imagens de turnês e entrevistas que o grupo vem fazendo desde o lançamento do Elektra.

O Imparcial - E sobre o show em  São Luís?
Paulo Ricardo - Podem esperar um show com muita garra e tesão. Esse é o RPM que se apresenta pelo Brasil. Faremos um show inesquecível, com muitos clássicos e músicas inéditas. Esperamos que o público goste.


Anota aí!
O quê? Show da banda RPM
Quando? Hoje (6), às 22h
Onde? Lagoa da Jansen


*Matéria publicada na edição de 05.04, no Jornal O Imparcial 
Fotos: Divulgação

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