Essa será a
terceira vez que o grupo participa da Semana em São Luís. Em anos anteriores o
grupo encenou A Vida como ela é... e Livres e Iguais.
Para o diretor da Companhia, Júlio Maurício, festivais e eventos como a da
Semana são importantes para democratizar o acesso do teatro à população. “Ainda
mais em se tratando de um evento com entrada gratuita. Tem gente que nunca
teria oportunidade de assistir a um espetáculo se não houvesse eventos assim”,
considera o diretor.
Em
cena os atores Berna Sant´Anna (Guilhermina), Ismar Medeiros (Juiz), Leon de Paula
(comerciante), Nazareno Pereira
(Pathelin) e Valdir Silva (pastor) contam a história de um advogado sem
causa Pathelin que decide, para agradar sua mulher Guilhermina, trazer um corte
de tecido grátis. Através de bajulações e promessas, engana um comerciante,
porém seus planos fracassam quando, durante uma sessão no tribunal reencontra o
comerciante.
Três
perguntas//Júlio Maurício
Falar sobre
advogados, ética, já trouxe alguma repercussão negativa para a peça?
Não.
Pelo contrário. Nós somos convidados constantemente por diretórios acadêmicos,
ou Faculdades de Direito para apresentar a peça para cursos de direito e o tema
geralmente suscita debates sobre a ética. É um assunto que vem sendo discutido
desde a idade média. O texto é de 1460 e continua sendo muito atual. Desde
aquela época já existia esse tipo de coisa, então a peça faz críticas à
justiça, à igreja que já naquela época incomodava a população e são questionamentos que hoje a gente ainda faz.
Dá para perceber
alguma transformação depois de um evento como a Semana de Teatro?
Sim,
sem dúvida. A gente está acostumado a participar de festivais de teatro por
todo o País e em particular a Semana do Teatro daí (do Maranhão) tem entrada
gratuita, então dá acesso ao teatro, forma plateia. Faz com que pessoas que
nunca teriam oportunidade de pagar assistam a ótimos espetáculos nacionais e
locais. Eu lembro de uma vez que estive aí e estava assistindo a um espetáculo
infantil quando abriram os portões e o teatro ficou lotado de crianças que
dividiam as cadeiras, todas ali, querendo assistir. Foi muito leal ver aquilo.
E sobre o Pathelin de A a Z?
Santa
Catarina tem pelo menos uma cidade para cada letra do alfabeto. Como nós
tínhamos feito, ao completar 25 anos, um projeto chamado Festival Intinerante
de Repertório, onde percorremos 10 pequenos municípios, resolvemos repetir a
ideia, só que desta vez percorrendo em 24 pequenas cidades do Estado com esse
espetáculo. Pra você ter ideia, apresentamos para uma cidade que tinha 700
habitantes e durante nossa itinerância tínhamos 350 espectadores por dia. Então
é muito gratificante ver pessoas de pé no chão chegando para assistir ao
espetáculo, ônibus cheios de agricultores. Faltam iniciativas assim para
popularizar o teatro.
Fotos: Divulgação
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