terça-feira, 2 de abril de 2013

O canto de Xangai

*Patricia Cunha




Logo mais o cantor, compositor e violeiro Xangai se apresenta no Teatro Arthur Azevedo em show feito especialmente para a cidade.
Aos 65 anos Xangai brinca que está sexy... “sexagenário”, ele diz aos risos, e que canta onde o povo quer escutá-lo. “Graças a Deus tenho um bom público que me acompanha qualitativamente. É o melhor do Brasil em termos de qualidade. Isso para mim é o mais importante”, diz ele em entrevista por telefone a O Imparcial, quando criticou dentre outras coisas o rótulo de regionalista, citando, por exemplo, nomes que fazem e fizeram muito sucesso nacionalmente e internacionalmente e nem por isso devem ser rotulados como tal.   
O show de Xangai é um convite à poesia e à boa música. Exímio violeiro, poeta e contador de boas histórias, ele promete um show único. “São Luís é uma cidade da qual gosto muito. E acho que toda cidade merece um show seu, diferente. Já fui aí muitas vezes e estou com saudades”, comenta. Embora não fale muito do repertório, Xangai que é parceiro de muitos bons compositores deve garantir sucessos e novidades, além de músicas que fez com seus parceiros/compadres, como Jessie Quirino, Elomar, Vital Farias, Geraldo Azevedo, dentre outros.

Seis perguntas//Xangai

Xangai o que você vai apresentar em São Luís?
Vou fazer um trabalho junto com a comunidade espiritualista. Vai ser um prazer voltar a São Luís, tocar no Teatro Arthur Azevedo, rever amigos. Fiquei muito feliz com o convite que recebi. Vou mostrar um trabalho mesclado com novidades e que faz parte do repertório de alguns cantadores. Eu não gosto muito de repetir um show que é feito no DVD porque parece que você está reproduzindo. Gosto de mostrar um show com novidades.

Você é tido como um cantor regional. Até que ponto você se considera regionalista?
Zeca Baleiro é regional? Claro que não é. Ele é brasileiro. O regionalismo são rotulagens que colocaram. Regionalistas poderiam ser as duplas que cantam música sertaneja, ou então quem canta reggae maranhense, mas não é. São músicas que as pessoas gostam de fazer. Eu não sou um cantador regional. Sou universal. Eu  canto em espanhol, canto música latino-americana, cubana, argentina, venezuelana. Por exemplo,  João do Vale, que era um maiores poetas, um amigo querido que me dava um valor imenso, e que para mim está entre os 15 melhores compositores do país. E Luiz Gonzaga? É regional? Acho que não. Ele cantou o Maranhão, a Paraíba, o Ceará, o Piauí, o Brasil todo, então isso não é ser regionalista. Eu faço esse trabalho de música universal, da música brasileira por excelência.

Você falou de compositores maranhenses. Qual a sua relação com eles?
Zeca Baleiro gravou comigo um disco que fiz em homenagem a meu compadre Sérgio Sampaio, e agora ele me convidou para participar de um trabalho que vai homenagear um artista aí do Maranhão que agora eu não recordo o nome. Quer dizer, o Zeca é um querido. Ele canta músicas do meu repertório. É um dos melhores compositores brasileiros, e tem uma versatilidade, assim como eu, enquanto artista. Representa muito bem o estado do Maranhão, muito melhor do que muitos políticos que representam nossos estados por aí afora.

E por falar em política, você é politizado. Acredita que o Brasil tem futuro?
Eu costumo dizer que sou um otimista, e acredito que amanhã teremos condições de ser melhor do que hoje, enquanto Brasil. Eu tenho registrado muitas decepções  por parte de algumas pessoas que nós escolhemos para nos representar e que o trabalho delas não condiz com as nossas expectativas. Estou até mais decepcionado do que esperançoso, mas é como a história do passarinho que quer combater o incêndio levando água no bico, estou fazendo a minha parte por meio da arte. Eu quero ter condições de poder estar com saúde, lucidez e contribuir com a minha arte-, que não é só contar bolos de dinheiro-, mas em vez disso, por meio da música, que ela possa influenciar, conscientizar, passar ensinamentos para o semelhante. Essa descoberta é uma coisa sagrada.

Você está realizando muitos shows?
Sim. Sempre tenho ido a locais onde o público é o melhor. O melhor show é onde estou. Gosto muito de São Luís, como gosto de Imperatriz, Terezina. Pessoas que  vão poder ouvir Elomar. Vai ser uma maravilha. Depois daí vou para Imperatriz, depois gravo o DVD com Jessie Quirino, em Recife. No dia 13 de abril canto em São Paulo em homenagem a Sérgio Sampaio.

Como você contabiliza sua carreira?
Sou artista desde que nasci. Tenho 65 anos, estou sexy... sexagenário (risos). Mas eu cantei com Rei Davi, Salomão, Jesus... (mais risos). Sou de 1948, então tem muita história. Nesse show de São Luís eu vou contar uma história que aconteceu aí quando eu fui cantar e o Manduca (cantador Amazonense) apareceu e me entregou um texto que eu musiquei, mas o resto dessa história quem for ao show vai saber. Eu só posso adiantar que isso foi em 1994 e a música só foi feita 17 anos depois, quando ele já tinha desencarnado. A história dessa música eu vou contar e cantar lá no Teatro.

 
Serviço
O quê? Show de Xangai
Quando? 2 (terça-feira), às 19h
Onde? Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)
Quanto? R$30,00 (preço único)

*Publicada na edição de hoje do jornal O Imparcial
Foto: Correio Braziliense

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