segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Gamer maranhense lançará jogo em 2016





A maranhense Ana Ribeiro, que largou sua carreira como funcionária pública para fazer um curso de videogames no Reino Unido participou com seu trabalho no IndieCade Festival 2015 (Culver City, na Califórnia), em outubro. Dos 1200 jogos digitais inscritos, somente 81 foram selecionados para comparecer e um deles é o Pixel Ripped, desenvolvido por Ana.
O game também está sendo exposto no Rio de Janeiro, no FILE Anima+ Games Rio, até o dia 29 de novembro, no Oi Futuro no Flamengo. A exposição tem como singularidade apresentar a cada ano animações e games com conteúdo estético-artístico.
Ana, a maranhense que faz sucesso no exterior, tem 32 anos e nasceu em São Luís. Ela conta que resolveu largar o cargo de concursada do Tribunal de Justiça há 5 anos para ir morar na  Inglaterra. “Saí de São Luís em busca de dois sonhos: um de morar na Europa e outro fazer vídeo game. Não fui para me aprofundar na profissão, mas sim para começar do zero. E aí fiz um ano de curso de Games Programming na Sae University e depois 2 anos no curso de Game Design da universidade de filme NFTS onde criei o Pixel Ripped. O site do jogo é: www.pixelripped.com
O jogo é resultado do projeto de final de curso de Ana e é sobre Nicola, uma aficionada de jogos de computador. O jogador a segue enquanto ela luta através das eras para jogar seu jogo favorito, ‘Pixel Ripped’. É um jogo dentro de um jogo.
O Pixel Ripped é um jogo que utilizando a realidade virtual te leva numa viagem à história dos vídeo games. O primeiro jogo a ser lançado será em março de 2016 na Steam e Oculus Store, e logo apos no Playstation4, o Pixel Ripped 1989  onde você se encontra jogando seu jogo favorito dentro da sala de aula em uma gameboy. Seu objetivo é completar o jogo antes de ser pego pela professora”, acrescenta Ana Ribeiro.
O reconhecimento pelo trabalho rendeu a ela uma indicação pela seleção para carregar a tocha Olímpica no ano que vem. “Recebi e-mail da Nissan dizendo que fui indicada. É uma honra fazer parte dessa comitiva, estou agora de dedos cruzados para ser selecionada. O resultado sai em fevereiro”, espera a gamer.


Entrevista Ana Ribeiro

O que significa ser game para você?
Vídeo game faz parte da minha vida desde criança. Desde que me entendo de gente, jogo vídeo game. Para mim é um lazer que se tornou em profissão.

O fato de ser mulher e ser do Maranhão teve alguma diferença nesse mercado?
 Teve diferença no fato de eu ter começado a desenvolver jogos bem tarde. Como no Maranhão não tínhamos curso de programação na minha época e nem até hoje possuímos curso para game designer, é muito difícil para - e continua ainda até hoje - algo fora da imaginação de muito maranhense. Então caso estivesse nos EUA ou Europa, teria tido mais contato com desenvolvedores de jogos e poderia ter me descoberto bem mais cedo, ao invés de 5 anos atrás.

Por que escolheu essa profissão?
Sempre amei jogar vídeo games, sempre fez parte da minha vida. Vídeo games representam as melhores memórias da minha infância e melhores momentos com amigos que criei e mantenho devido aos vídeo games.
Nunca tinha me dado conta de que poderia trabalhar com o que amo. Estava trabalhando e seguindo carreira que a sociedade nos influencia, seguindo parâmetros aceitos por muitos, mas não necessariamente os que são o certo para você como pessoa.

E o que te motivou ou  influenciou?
O curso EMPRETEC. Eu tinha um pequeno negócio de empadas que comecei independentemente quando estava trabalhando no TJ (Tribunal de Justiça) e daí esse negócio cresceu  a ponto de atingir a venda de 4 mil empadas por mês. Com a grande demanda e pedido dos clientes eu decidi fazer o curso Empretec para me preparar para abrir a lanchonete de empadas. Daí durante o curso eu entendi que estava no negócio errado. Eles nos questionaram onde você quer estar em 5-10-15 anos, e então refleti:  onde você quer estar como pessoa , independente da sua companhia, em 5-10 e 15 anos? E aí eu percebi que eu não queria essa vida por 15 anos, e que se eu quisesse mudar teria que ser naquele momento, antes de eu abrir a empresa. Então foi quando realizei que eu poderia fazer vídeo games e fazer cursos. Resolvi então chutar o pau da barraca.

Essa é sua primeira produção?
Sim. Pixel Ripped será  meu primeiro jogo a ser lançado.

Há alguma inspiração para o seu trabalho?
Minha mãe. Ela sempre buscou trabalhar com o que ama, a arte. Ela também me apoiou muito quando decidi largar o concurso publico de 5 anos e seguir meu sonho.

O que há de melhor, e o que não é tão bom dentro dessa profissão?
Trabalhar com o que se ama é como estar sempre de férias. O pior da profissão é ter que parar de trabalhar no jogo para lidar com e-mails, investidores, coisas de negócios... Para continuar fazendo o que ama a gente tem que lidar com muito disso que não é necessariamente trabalhar no jogo.

Esse é um mercado bom tanto financeiramente, quanto de trabalho?
No momento ainda não colhi os furtos do trabalho, ainda não lancei nenhum jogo no mercado. Mas a maior gratificação é trabalhar com o que se ama.

Você foi selecionada para o  FILE Anima+ Games Rio 2015, da Oi Futuro que acontece até o fim deste mês? O que achou de ter sido escolhida?
Sim, fico muito honrada de fazer parte da exposição, representando a única maranhense e também o único aplicativo para realidade virtual apresentado na exposição feito por brasileiro.

E também participou do IndieCade Festival 2015. O que representa essa repercussão?
 O IndieCade é um dos maiores festivais de jogos independentes do mundo. Meu jogo foi escolhido entre 1200 jogos, ficamos entre os 80 escolhidos a expor. Realmente uma honra.

Um sonho?

Já estou vivendo ele.



Publicado em O Imparcial em 15.11.15

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