A maranhense Ana Ribeiro, que largou sua
carreira como funcionária pública para fazer um curso de videogames no Reino
Unido participou com seu trabalho no IndieCade Festival 2015 (Culver City, na
Califórnia), em outubro. Dos 1200 jogos digitais inscritos, somente 81 foram
selecionados para comparecer e um deles é o Pixel Ripped, desenvolvido por Ana.
O game também está sendo exposto no Rio
de Janeiro, no FILE
Anima+ Games Rio, até o dia 29 de novembro, no Oi Futuro no
Flamengo. A exposição
tem como singularidade apresentar a cada ano animações e games com conteúdo
estético-artístico.
Ana, a maranhense que faz sucesso no exterior, tem
32 anos e nasceu em São Luís. Ela conta que resolveu largar o cargo
de concursada do Tribunal de Justiça há 5 anos para ir morar na Inglaterra. “Saí de São Luís em busca de dois
sonhos: um de morar na Europa e outro fazer vídeo game. Não fui para me
aprofundar na profissão, mas sim para começar do zero. E aí fiz um ano de curso
de Games Programming na Sae University e depois 2 anos no curso de Game Design
da universidade de filme NFTS onde criei o Pixel Ripped. O site do jogo é:
www.pixelripped.com
O jogo é resultado do projeto de final
de curso de Ana e é sobre Nicola, uma aficionada de jogos de computador. O jogador
a segue enquanto ela luta através das eras para jogar seu jogo favorito, ‘Pixel
Ripped’. É um jogo dentro de um jogo.
“O Pixel Ripped é um jogo que utilizando a realidade
virtual te leva numa viagem à história dos vídeo games. O primeiro jogo a ser
lançado será em março de 2016 na Steam e Oculus Store, e logo apos no
Playstation4, o Pixel Ripped 1989 onde
você se encontra jogando seu jogo favorito dentro da sala de aula em uma gameboy. Seu objetivo é completar o jogo
antes de ser pego pela professora”, acrescenta Ana Ribeiro.
O reconhecimento pelo trabalho rendeu a
ela uma indicação pela seleção para carregar a tocha Olímpica no ano que vem.
“Recebi e-mail da Nissan dizendo que fui indicada. É uma honra fazer parte
dessa comitiva, estou agora de dedos cruzados para ser selecionada. O resultado
sai em fevereiro”, espera a gamer.
Entrevista
Ana Ribeiro
O
que significa ser game para você?
Vídeo game faz parte da minha vida desde
criança. Desde que me entendo de gente, jogo vídeo game. Para mim é um lazer
que se tornou em profissão.
O
fato de ser mulher e ser do Maranhão teve alguma diferença nesse mercado?
Teve diferença no fato de eu ter começado a
desenvolver jogos bem tarde. Como no Maranhão não tínhamos curso de programação
na minha época e nem até hoje possuímos curso para game designer, é muito difícil
para - e continua ainda até hoje - algo fora da imaginação de muito maranhense.
Então caso estivesse nos EUA ou Europa, teria tido mais contato com
desenvolvedores de jogos e poderia ter me descoberto bem mais cedo, ao invés de
5 anos atrás.
Por
que escolheu essa profissão?
Sempre amei jogar vídeo games, sempre
fez parte da minha vida. Vídeo games representam as melhores memórias da minha infância
e melhores momentos com amigos que criei e mantenho devido aos vídeo games.
Nunca tinha me dado conta de que poderia
trabalhar com o que amo. Estava trabalhando e seguindo carreira que a sociedade
nos influencia, seguindo parâmetros aceitos por muitos, mas não necessariamente
os que são o certo para você como pessoa.
E
o que te motivou ou influenciou?
O curso EMPRETEC. Eu tinha um pequeno
negócio de empadas que comecei independentemente quando estava trabalhando no
TJ (Tribunal de Justiça) e daí esse negócio cresceu a ponto de atingir a venda de 4 mil empadas
por mês. Com a grande demanda e pedido dos clientes eu decidi fazer o curso
Empretec para me preparar para abrir a lanchonete de empadas. Daí durante o curso
eu entendi que estava no negócio errado. Eles nos questionaram onde você quer
estar em 5-10-15 anos, e então refleti:
onde você quer estar como pessoa , independente da sua companhia, em
5-10 e 15 anos? E aí eu percebi que eu não queria essa vida por 15 anos, e que
se eu quisesse mudar teria que ser naquele momento, antes de eu abrir a
empresa. Então foi quando realizei que eu poderia fazer vídeo games e fazer
cursos. Resolvi então chutar o pau da barraca.
Essa
é sua primeira produção?
Sim.
Pixel Ripped será meu primeiro jogo
a ser lançado.
Há
alguma inspiração para o seu trabalho?
Minha mãe. Ela sempre buscou trabalhar
com o que ama, a arte. Ela também me apoiou muito quando decidi largar o
concurso publico de 5 anos e seguir meu sonho.
O
que há de melhor, e o que não é tão bom dentro dessa profissão?
Trabalhar com o que se ama é como estar
sempre de férias. O pior da profissão é ter que parar de trabalhar no jogo para
lidar com e-mails, investidores, coisas de negócios... Para continuar fazendo o
que ama a gente tem que lidar com muito disso que não é necessariamente
trabalhar no jogo.
Esse
é um mercado bom tanto financeiramente, quanto de trabalho?
No momento ainda não colhi os furtos do trabalho,
ainda não lancei nenhum jogo no mercado. Mas a maior gratificação é trabalhar
com o que se ama.
Você
foi selecionada para o FILE Anima+ Games
Rio 2015, da Oi Futuro que acontece até o fim deste mês? O que achou de ter
sido escolhida?
Sim, fico muito honrada de fazer parte
da exposição, representando a única maranhense e também o único aplicativo para
realidade virtual apresentado na exposição feito por brasileiro.
E
também participou do IndieCade Festival 2015. O que representa essa
repercussão?
O
IndieCade é um dos maiores festivais de jogos independentes do mundo. Meu jogo
foi escolhido entre 1200 jogos, ficamos entre os 80 escolhidos a expor.
Realmente uma honra.
Um
sonho?
Já estou vivendo ele.
Publicado em O Imparcial em 15.11.15
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