sexta-feira, 24 de maio de 2013

Entrevista com Maitê Proença




A atriz Maitê Proença está em São Luís com a atriz Clarisse Derzié Luz para encenar o espetáculo À Beira do Abismo me Cresceram Asas. Sucesso de crítica e público, tem autoria de Maitê Proença (baseado em pesquisa e ideia de Fernando Duarte), é dirigido por Clarice Niskier e também por Maitê Proença, com supervisão de Amir Haddad. O texto tem como ponto de partida histórias reais colhidas em diferentes asilos do Brasil. A partir daí, criaram-se novos histórias, ideias, conceitos, costurou-se suspense com magia, brotou a dramaturgia, surgiu a peça e nasceram Terezinha e Valdina, que Maitê define como duas senhoras inteligentes, de pensamentos arejados.

Em entrevista a O Imparcial Maitê falou de velhice, de como lida com ela, da pesquisa que fez para o espetáculo e ainda sobre o seu trabalho como escritora que ela desenvolve paralelamente à carreira de atriz. "É duro ser cabra na Etiópia é quase um livro de arte com uma pegada cômica. O título surgiu de uma conversa à toa em que especulávamos sobre as origens do café. Um pastor de ovelhas no norte da África teria percebido suas cabras mais espertas ao ingerirem uns grãos vermelhinhos, e por isso, aguardava a sobra da digestão dos frutos, colhia e cozinhava para sentir o mesmo efeito em seu próprio corpo. Com pena das cabras, que nem pra atividades primordiais tinham mais a paz necessária - soltei a frase, ‘é duro ser cabra na Etiópia’”, conta a atriz e escritora.
A frase suscitou a concepção de um livro. Maitê então acho que um livro com aquele título só faria sentido se ela criasse um material surpresa. “Então criei um site para a recepção, via internet, de textos e imagens de autores desconhecidos. De 2000 textos que li, selecionei os 170 que estão no livro. Depois recebi também imagens e até a capa veio por este caminho. Agrupei e ordenei tudo de forma também cômica. O processo demorou 3 anos e o livro acaba de ficar pronto. Está divertido e lindo!”, diz Maitê.



Quatro perguntas//Maitê Proença

Esse trabalho reflete o que você pensa da velhice?
A velhice contém todas as idades e por isso é um momento tão rico da nossa existência. Escolhi esta fase porque dali pode se falar de tudo com autoridade e sem as cerimônias e os cuidados característicos de outras idades. Não há tempo a perder, nem vontade de seduzir por seduzir. Chega a ser cômica a forma como idosos dizem as coisas na lata, e às vezes até cruel. Minhas velhas tem disso. E são duas senhora inteligentes, de pensamento arejado.


Você tem medo de envelhecer?
Não tenho. Não é do meu temperamento pensar no futuro, vou considerando à medida que vai chegando. Conheço velhos extraordinários, a gente olha pra eles e não pensa na decadência, e sim, em como são vibrantes, modernos, interessados, bem dispostos, experientes.


Quem viu a peça garante que sai do teatro emocionado. A que você atribui isso?
Não é um caça níquel qualquer. Isso que estamos trazendo para o Maranhão é o melhor que tenho a oferecer. A peça faz pensar, e as reflexões brotam do riso e da poesia que há na direção. Eu atuo ao lado de Clarisse Derziê que é uma grande comediante. A direção também é minha junto com outra Clarice, a Niskier. Busquei o olhar da Niskier a me auxiliar pra que tudo fosse ainda mais bonito e sensível. Meu texto é curto, conciso, a peça dura 1h15m, o suficiente pra (sic) encantar sem cansar. Sair de casa pra (sic) voltar do jeito que se saiu não vale o passeio, tem que mexer, comover, fazer rir e chorar.


Durante as suas pesquisas para o texto o que foi mais marcante?
Há várias histórias na peça, todas são relevantes. Falamos muito abertamente de sexo, das diferenças entre homens e mulheres, do abandono, do que é bom e ruim. Em tudo há imensa franqueza, e as conclusões ficam sempre a cargo do espectador. Longe de mim vender verdades.







Quando? 24, 25 e 26
Onde? Teatro Arthur Azevedo
Quanto? Plateia R$ 80,00; Frisa e Camarote R$ 70,00; Balcão R$ 60,00; Galeria R$ 50,00

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