Herbert de Jesus Santos (*)
Cai a Festa de Ribamar e povo
culpa padres (Ganância, autoritarismo, prefeitura 0X0 mídia= “é quase o fim!”).
Com este título e sutiã, ou bigode, publicamos, no ano passado, no JP Turismo, a contrariedade popular
contra os sacerdotes Cláudio Roberto e Gutemberg, e, como aqui raio cai no
mesmo lugar, eles anunciaram que, em 2015, a tradição seria no fim de setembro,
na lua cheia, e ela será no começo do mês, sem luar, perto de feriado
prolongado, com muitos maranhenses viajando para fora. Logo que divulgamos o
protesto, o retorno da data móvel com Lua nos foi passado pelo devoto Pedro
Sobrinho, o popular Pedrinho de Anjinha, animado com que o domingo da festa,
neste ano, aconteceria em 27 de setembro, no auge lunar, certamente após ouvir
os supracitados religiosos, pois ele, comerciante, na Rua da Avenida, participa
de uma das congregações paroquiais, e aqueles voltaram atrás.
Já a assistimos forte nas
décadas de 1970/80, com o pároco Lino Roelofs (holandês) e Xavier (francês), em
1993/5. Começou a padecer com o Padre Bráulio, em 2003, realizada no escuro,
obedecendo à Expoema, conforme locais bateram muito, por coincidir com esta,
que sempre é na primeira semana de setembro, enfraquecendo-a, pois romeiros de
várias partes do Brasil, guiados pela Lua, na folhinha, sem saber do plano de
adiamento, chegaram, no apogeu, e ficaram sem dinheiro, para demorarem mais, e
regressaram para as suas terras, criticando a igreja. Alertado por moradores
fervorosos da cidade-balneário, no JP Turismo abrimos baterias contra os
desmandos daquele, que recuou, e, na de 2004, com o brilho da Lua, recuperou alguns
sucessos de antes, inclusive com caravanas de outros Estados, quanto em três
anos consecutivos foram observados paraenses, vindos de Belém, em ônibus
fretados, e hospedando-se perto da Rua Grande (Av. Gonçalves Dias).
Foi
piorada, em 2012, pela dupla Pe. Cláudio Roberto e Pe. Gutemberg,
respectivamente, reitor e vice do Santuário de São José, colocando a procissão depois
da missa campal, às 19 h, com que centenas de pessoas, entre crianças vestidas
de anjo, deixaram a formação na ida, pela Rua Grande, para pegarem seus coletivos
mais cedo. No JP Turismo, fomos de novo caixa de ressonância dos revoltados, e
os vigários tornaram a pôr os pagadores de promessa em primeiro plano. Em 2014,
afundaram de vez o sucesso, consoante o comerciante e funcionário federal
Austregésilo Machado, o popularizado “Doutor”, com 59 anos, então, na Rua da
Liberdade: “A cada ano, eles vão acabando mais com o festejo do nosso padroeiro;
eu nunca vi um pior que o deste ano desde que estou aqui, vindo de São Luís,
aos nove anos de idade; nem pintaram a igreja, e falam que patrocínios os
padres recebem”! Outros comunitários
lastimaram que vendedores de cerâmica de Rosário e outros do Munim amargaram prejuízos,
pois passando a procissão, o movimento acabou, e antes, na segunda-feira, de
manhã, depois da Missa do Romeiro, até de noite, a festa prosseguia animada.
Os padres
esnobando devoções— Deste raciocínio de “Doutor”, há pouco, também na Rua da
Liberdade, comungou Josemar Almeida Silva, Mazinho, ex-vereador, nascido em Ribamar
e há 33 anos no Apostolado do Sagrado Coração de Jesus: “Os padres não estão
ouvindo mais as congregações, e daí este fracasso sem igual. Como protestei em
vários atos deles, recusaram minha ajuda, dentre outras, até para as camisas
padronizadas, que era para os grupos mudarem durante a novena”!
Cortados pela Praça da Tesoura —
Cláudio Roberto (paraense), e os maranhenses Bráulio (de São Bento), e
Gutemberg (Codó), assim rebaixaram um dos marcos mais altos da religiosidade e
da cultura maranhenses. “Esses dois aí agora, para o lado de dinheiro, são
ágeis, como no batismo pago de carros aos domingos de manhã, após a santa missa!”
— dispararam frequentadores da Praça da Tesoura, com os descontentamentos mais
afiados, ontem. “Retiraram da procissão até os andores do Sagrado Coração de
Jesus, e o de Maria, em que vinha São Vicente de Paulo, das Irmãs de Caridade!”
— lamentaram algumas ex-legionárias. “Com os padres Lino e Xavier, as
integrantes da Legião de Maria faziam visita aos doentes, em hospitais, aos
lares humildes, e estes dois agora só pode não fazerem mais, pois os
evangélicos avançam em Ribamar!”— alfinetaram.
A Lua como convite desde o séc. 19 — A Lua
faz parte da Festa de Ribamar há 200 anos, pelo menos, qual um atrativo a mais,
no senso comum do País. Quando ela é descartada, como em 2014 (pois o domingo
da festa seria em 7 de Setembro, com o ápice do luar no dia 8, transferida para 14, sem a lua cheia), parece
que tudo fica mesmo ruim, como está programada de novo em 2015, sem ela. “Assistimos, no ano passado, a procissão menor
que a de N.ª Sr.ª da Conceição do Monte Castelo, e prestes a ser
superada pela do Círio de Nazaré do Cohatrac, que tem quinze anos!”— lamentou
um grupo de senhoras moradoras da Cohab-Anil, na missa matinal de domingo
passado. Lembraram a Festa de São
Raimundo Nonato dos Mulundus, no fim de agosto, em Vargem Grande, com fé,
comércio de suvenires e festa dançante, em lugares certos. “Quando não vemos
ônibus de fora em várias ruas, como em 2014, sem mídia na TV, é sinal de festa
fraca!” — apontaram fregueses na mercearia-bar de D. Iraci Pavão, na Rua Grande.
Sugestões de um repórter devotado —
Para frear a decadência da Festa de Ribamar, urge a criação de uma comissão de
notáveis católicos, a fim de orientar/ou pressionar párocos ignorantes da tradição
trissecular, que não ouvem os apostolados, por mais experientes que sejam.
Poderiam ser, dentre outros: o ex-prefeito e folclorista Ribamar Moraes, as
professoras Marly Conceição, Rosa de Fátima Silva, Conceição de Fátima (Cita), Iracy
Pavão, Ednaldo Cutrim, José de Ribamar Dias (Mijão), com os quais, animados
pelo Sotaque da Ilha (coluna do JP Turismo), protestei, na Praça Nicolau Sodré
(ou da Tesoura ou do Cemitério), em carro de som, em agosto de 2003, quando Pe.
Braúlio, dito ali, obedecendo à Expoema (que sempre foi na primeira semana de setembro,
nesse ano, na lua cheia), na minguante, faria até então a mais bagunçada e lastimosa
Festa de Ribamar. Esses ilustres ribamarenses foram se queixar ao arcebispo D.
Paulo Ponte, e, em 2004, o evento melhorou, com a volta da Lua e boa
divulgação. A comissão já poderia solicitar o apoio da prefeitura, Câmara,
secretarias estaduais da Cultura e de Turismo, para a divulgação forte, já, e
parceria para 2016.
Massificar as canções no Santo de Casa,
etc. — Seria excelente disseminar as músicas alusivas a São José de
Ribamar, na Difusora, com Joel Jacinto; na Rádio Universidade (Santo de Casa,
com Giza Franco); no Bom-Dia, Compadre!, com Raimundo Filho, na Difusora; no
Galinho da Educadora, com Carlos Henrique,
desde uma semana antes da novena, na igreja-matriz: baiões de Jackson do
Pandeiro (O Protetor) e de Ary Lobo (Garganta de Cera e Romeiro); Romaria, do
saudoso Lopes Bogéa; temos sambas-enredos do Pirata (365 Dias de Suor e Sonho, de Cesar
Teixeira, no carnaval de 1981); e gravariam o da minha autoria (Origens e
Lendas de São José de Ribamar, no de 1979), etc. E tocariam todos, dentro da novena, num som único, na Rua Grande, com canções sacras, insuflando
de nativismo os ouvintes, ao invés das músicas sem pé-nem-cabeça (forró
eletrônico cearense, carnaval baiano, calypso paraense, etc.) dos veículos
estacionados. (*)jornalista
e escritor maranhense
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