Não é de hoje que o jovem ator Breno Nina trilha uma carreira na
dramaturgia. Ainda em São Luís de 1999 a 2004 participou da Cia. de Teatro do
Colégio Educator, antes de se mudar para Brasília, onde formou-se em Comunicação
Social (Publicidade), pela Universidade de Brasília (UnB). Foi em 2000 que deu
os primeiros passos encenando em São Luís a peça Antígona, de Sófocles, com direção de Sérgio Helal, como parte da
programação do Festival Maranhense de Teatro Estudantil. De lá para cá muita coisa aconteceu até a
conquista do troféu Kikito de melhor ator do Festival de Cinema de Gramado pela
sua atuação no longa O Último Cine
Drive-in, do diretor Iberê Carvalho, que estreou nos cinemas no último dia 20 e participou da Mostra Competitiva do 38° Festival Guarnicê de Cinema na noite de ontem, 21.
Em entrevista o ator revelou estar muito
feliz por ter conquistado o prêmio e obtido resposta positiva pelo trabalho que foi feito,
mas mais feliz ainda por ser um ator de São Luís se destacando lá fora. “Foi
muito emocionante ouvir meu nome. Alegria tá sendo muito grande”, diz o ator. O Último Cine Drive-in ainda ganhou os
troféus de Melhor Atriz Coadjuvante, Fernanda Rocha; Melhor Direção de Arte, Maíra Carvalho, e
Júri da Crítica.
O Festival de Gramado é um dos mais
aclamados do Brasil. Ao todo, foram
premiadas 28 categorias. Mariana
Ximenez levou o troféu de melhor atriz e
o filme Ausência, do diretor Chico
Teixeira, o de melhor filme. Com este
longa, Breno também recebeu o prêmio de melhor ator do 18º Festival
Internacional de Cinema de Punta Del Leste, no Uruguai. À época ele dedicou o
prêmio a São Luís.
O longa, uma produção da Pavirada
Filmes, é dirigido por Iberê Carvalho e tem no elenco Othon Bastos (Almeida),
Rita Assemany (Fátima), Chico Sant'anna (Zé), Fernanda Rocha (Paula), entre
outros. O drama, fruto de um argumento original de Iberê Carvalho e roteiro
assinado por Iberê e Zepedro Gollo, retrata a relação de pai e filho com
cenários variando entre o Cine Drive-In e um hospital de base da capital
federal.
Com a equipe do filme
O jovem Marlombrando (Breno Nina) se vê
obrigado a voltar à Brasília, sua cidade natal, devido a doença de sua mãe,
Fátima (Rita Assemany). Lá, ele vai reencontrar seu pai, Almeida (Othon
Bastos), dono do Cine Drive-in, há 37 anos. Ele insiste em manter vivo o
cinema, mesmo não atraindo mais espectadores como na década de 70. Para isso,
conta com a ajuda de apenas dois funcionários: Paula (Fernanda Rocha), que
cuida da projeção e da lanchonete; e José (Chico Sant'anna), um velho amigo de
Almeida, que ajuda a vender ingressos no caixa e da limpeza do local. Com a
ameaça de demolição do Cine Drive-in e o agravamento da doença de Fátima, pai e
filho vão ter que se unir e tentar reviver o passado. Do hospital, Fátima lembra dos tempos de glória do Cine Drive-in
com profunda paixão. Quando seu estado de saúde piora, o quarteto orquestra uma
última e especialíssima sessão.
Formação
-
Em sua formação de ator, participa da pesquisa teatral The Gold Fish, dirigida
por Luciana Martuchelli, em 2007, além de cursos de atuação em cinema. Em
cinema, atuou nos curtas-metragens: Procedimento
Hassali ao Alcance do Seu Bolso, de Saulo Tomé (2008); Na Casa ao Lado, de Naiara Rimoli (2010); Festa na República, de Lucas Zacarias (2011); Waiting, de Tércio Garofalo (2011); e Anônimos, de Gilberto Nascimento (2012). Também assina o roteiro e
direção dos curtas meuSÓvos (2011) e A Menor Distância Entre Dois Pontos, em
que dirige a direção com Elias Guerra.
Na televisão, estreia, em 2011, na
novela Cheias de Charme, e depois em Alto Astral (2014), da Rede Globo. Aqui em São Luís participou da temporada de
férias do espetáculo Pão com Ovo como
filho de Clarisse Milhomem.
Sete
perguntas//Breno Nina
Qual
a sensação de ter sido premiado em Gramado?
Muito emocionante. Até agora ainda não
caiu a ficha. Gramado tem uma história muito forte, então só de estar sentado
ali no meio de tanta gente importante, parecia que as horas não passavam. Foi
uma emoção muito concentrada e que eu não estava esperando, uma coisa que você
fica tentando administrar. Aí quando vi meu nome foi inacreditável. Só me
lembro de ter afundando na cadeira e chorado que nem uma criança (risos).
E
agora, depois da premiação?
A expectativa é de que esse Festival
abra portas. Eu estava com a peça Plano Sobre Queda em cartaz no Rio de Janeiro
e depois em São Paulo e agora estou pensando em levar para São Luís. Mas o melhor de tudo foi eu ser de São Luís e
ganhar esse prêmio, representar a cidade que eu amo, que é minha base.
Como
foi que você chegou ao elenco do filme?
Eu estava saindo do Rio (de Janeiro) e
indo para São Luís e fui chamado para
fazer o teste em Brasília, então voltei na mesma hora. Nunca tinha ao Cine
Drive in, não achava que existia ainda. Mas aí voltei para São Luís e quando
estava saindo de um restaurante vi a ligação do Iberê dizendo que eu tinha
passado no teste e que estava no elenco do filme. Foi desafiador.
Você
começou no teatro e como foi essa transição para o cinema?
Eu comecei no teatro da escola com o professor Sergio Helal, que pra mim foi um
grande mestre que me iniciou no teatro aos 13 anos. Depois fui Brasília e
enveredei para o cinema. Considero o teatro na escola de fundamental
importância para a formação do aluno, momento em que ele pode se descobrir nas
artes, optar por uma carreira artística, por exemplo.
Eu acredito que ao trabalhar no teatro,
no cinema e na TV você vai aprendendo as linguagens, mas eu acho que o que tem
um pouco a ver com a característica do
artista é que o ator tem que, não só estar trabalhando, mas trabalhar em
algo que acredita, o quão ele está envolvido, isso que é o essencial. Essa
entrega é que é o grande tesouro da carreira.
Você
mora em São Luís? É difícil ser ator em São Luís?
Sim. Moro em São Luís, e o mais difícil
é que você tem que estar disponível a todo tempo, mas isso aconteceria se
morasse em outro lugar também. Quando fui fazer a novela Alto Astral me ligaram
e eu tinha que estar na novela no dia seguinte, mas o trabalho de ator, em
todos os lugares que já passei, em nenhum lugar é fácil. São Luís tem suas
dificuldades, mas não sei se é mais difícil do que é em outras cidades.
Você
fala isso sobre as produções também?
O potencial para o cinema é grande e tem
acontecido uma descentralização da arte no Brasil com os programas de fomento à
cultura, os editais. Eu acredito muito nesse potencial do Maranhão. Ninguém
melhor do que a gente mesmo para contar nossas histórias. Este ano foi lançado
o edital para produções audiovisuais, então
eu estou apostando.
Sobre
ter participado da peça Pão com Ovo?
Ah, eu adorei. O César, o Charles e o
Adeilson são muito queridos. Fazem um trabalho que me surpreendeu. Já tinha
visto a peça antes, mas não imaginava, vendo nos bastidores, o nível de
profissionalismo deles com a produção, com a obra. Além disso, o que mais me
chamou atenção foi na roda de oração que sempre se faz antes de iniciar uma
apresentação, a missão que eles transmitem; a alma, o coração que eles
depositam no trabalho que ele fazem. Foi muito bom ter participado. Foi
incrível ter estado com eles.
Ficha
Técnica
Filme: O Último Cine Drive-in
Direção: Iberê Carvalho
Duração: 1h40min
Elenco: Othon Bastos, Breno Nina, Rita
Assemany, Chico Sant'anna, Fernanda
Rocha, Zecarlos Machado, Eugênio Barbosa, Vinícius Ferreira, André Deca
Fotos: Divulgação/Facebook