domingo, 5 de janeiro de 2014

De motorista a funkeiro


 Quatro garotas, um coadjuvante, o personagem principal e uma música bem popular com refrão chiclete. Essa parece ter sido a fórmula para que o videoclipe Periguete de Busão obtivesse cerca de 9 mil visualizações em poucos dias. Embora tenha sido postado no mês de setembro no canal de vídeos Youtube, foi só agora recentemente que, como se diz no jargão da internet, o clipe “bombou” nas redes sociais.

O responsável pelo feito é o motorista de ônibus Luciel Silva, 35 anos. Maranhense de Bacuri, ele gravou o clipe cantando um funk falando da “missão” das periguetes, que segundo ele, é ganhar uma pensão. O ônibus vai passando por vários bairros e percorre algumas ruas do Centro e a Avenida Litorânea. “Ela vem chegando todo dia devagar/está procurando um jeito pra poder me conquistar/E praquele (sic) que não sabe que ganhou seu coração/ta ferrado, vacilou, vai pagar uma pensão”, diz um trecho da música, composta por Luciel.

A aposta que vem com os compartilhamentos do clipe é alta. Luciel pediu dispensa da empresa onde trabalhava para se dedicar à música. Há 2 meses ele vem gravando o primeiro CD da carreira que terá 12 composições autorais e já tem seis músicas prontas. Além de Periguete de Busão, há ainda Se der Bobeira a Gente Creu, Ela é poderosa, Mestre de Cerimônia, Liberdade de Expressão, Conto de Fada. Se tudo der certo até o final deste mês o disco fica pronto e Luciel vai poder começar a vender seus shows.

“Quando a ‘Periguete’ deu certo eu resolvi pegar outras músicas e fazer logo um CD. É isso que eu quero ser: cantor. Antes eu cantava seresta, mas gosto de funk, não o de ostentação. Quando você ouvir vai perceber que meu funk é mais melódico, romântico”, diz o cantor, que preparou um EP com as seis músicas e espera poder conseguir patrocínio para terminar o processo de finalização do CD. Enquanto isso, ele vai “soltando” as músicas na Internet. Se Der Bobeira a Gente Creu foi composta em 2008 e pode ser a próxima a ir para a Internet. “Quando eu lancei o clipe do ‘busão’ eu já esperava que fosse fazer sucesso. Só achei que demorou um pouco, mas está bastante visualizado”, admite.

Junto com os compartilhamentos vieram os comentários e as críticas nem sempre positivas. Algumas até bem agressivas. Sobre isso Luciel diz que já era esperado. “Muita gente gostou, mas muitos dizem que é uma m... Isso é normal. Nem Jesus Cristo agradou a todos. As críticas estão aí para serem feitas, mas há gosto para tudo”, releva.


Baseada no cotidiano
A música Periguete de Busão foi composta no início do ano inspirada no cotidiano de Luciel, que por dois anos trabalhou como motorista de ônibus. Escutando o relato dos colegas de profissão e presenciando a abordagem das mulheres, ele viu naquela situação o tema perfeito para um funk. “O motorista já tem aquela fama de galinha, mesmo os que são sérios são tentados, porque tem garotas que entram nos ônibus com o propósito de seduzir mesmo. E com isso até os motoristas mais novos acabam ficando queimados também. Mas eu conheço vários histórias de colegas que pagam pensão por conta de um envolvimento ocasional, porque as meninas fazem de tudo para chamar atenção”, conta Luciel.

Foi durante uma comemoração pelo dia do motorista que Luciel mostrou pela primeira vez a música. A turma da empresa em que trabalhava gostou e a filha do dono também, Foi aí que Luciel aproveitou e pediu autorização para conseguir o ônibus que serviu de locação para o clipe.

“Era um ônibus que estava sem uso porque iria ser vendido. A empresa autorizou e a gente gravou no meu dia de folga. Eu arquei com o combustível e depois eu mesmo levei para a empresa”, conta.
Durante a música, garotas com roupas minúsculas sobem e descem do ônibus, mostram toda a sensualidade delas e fazem coreografias ao som do hit. O clipe tem duração de 3 minutos e 50 segundos e já tem vários compartilhamentos na rede social Facebook.

A gravação – O clipe foi produzido pela Márcio Filmagens. Luciel, claro é o motorista. As garotas que dançam são de um grupo de funk e participam também de grupos de dança country e cigana. Carol, Jojoba, Roseira e Tatá, as piriguetes, são conhecidas de Luciel que as convidou, pediu autorização por escrito para os pais e pagou cachê. Participam também do clipe o vizinho Alcino, que faz o padre; a esposa de Luciel, Rosineide; as filhas dela, Sara e Suelen e o filho dele de 1 ano que aparecem no final do clipe dando a ideia de que com suas aventuras acabou com três filhos e as respectivas pensões.

Todo o clipe ficou orçado em R$1.400,00. Luciel custeou cachê das dançarinas, além, de infraestrutura como combustível, figurino, gravação, alimentação. “Tudo foi do meu bolso. Mas tenho fé que vai dar certo”, aposta. Ele conta ainda que foi uma diversão a gravação. “A Litorânea ficou cheia de pessoas que pararam para ver. Muitos fotografaram e algumas meninas até se ofereceram para dançar também, serem piriguetes (risos)”.

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