Autor
fecundo, de mente criativa, fértil; com agilidade nas palavras, destreza nos
versos; sintonia com o momento atual, os assuntos do mundo e uma maestria de
dar inveja na hora de fazer as rimas. Assim é o cordelista, poeta popular que
transforma vivências, fatos do dia-a-dia, que para alguns podem passar
despercebidos em rimas literárias, em literatura de cordel.
Quando
se pensa nesse gênero literário vem à lembrança os folhetos, com capas
ilustradas e várias poesias que falam sobre tudo e que hoje estão mais
presentes do que nunca. O nome cordel tem origem na forma como tradicionalmente
os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No
Brasil o nome foi herdado, mas a
tradição do barbante não se perpetuou. Mas uma coisa é certa: o cordelista
encanta ao recitar seus versos ritmados.
É
com esse encantamento e com a certeza de que o cordel está mais popular do que
nunca, que o poeta e ator Moizés Nobre comemora 34 anos de carreira. Mais de três
décadas de poesia popular reunidas em um DVD com criações autorais e em
parceria com outros artistas, que será lançado amanhã, 1º de agosto, no Dia do Poeta
da Literatura de Cordel, na Praça da Saudade, em Santa Inês (MA).
O
DVD Acredite se Quiser é o primeiro
da carreira do poeta que possui pelo menos
20 livretos publicados, 1 CD (1989) gravado
em parceria com o saudoso artista Gerô e centenas de poesias orais. O DVD traz
ainda uma faixa bônus, Parece Pesadelo,
mas é Real, uma homenagem a Gerô (falecido em 2007), que assina autoria da
poesia ao lado de Moizés, e em vida foi amigo e irmão de carreira de Moizés.
A poesia que dá
nome ao DVD faz um alerta sobre a consciência do voto. Nesse trabalho Moizés
incorpora o personagem Zé Brasil que interpreta todas as poesias.
Gravado
no ano passado, com direção de Marcelo Nepomuceno, editado pela Guadalupe
Filmes e com capa de Enon Silva, Acredite
se Quiser é um trabalho que contém 12 faixas, roteiro elaborado e produzido
pelo próprio artista, com poesias populares. O DVD abre com a faixa Dá Licença e segue com Eu deixei de ser matuto (Jotão e Moizés
Nobre); Mote de três versos (Moizés e
Pedro Costa); Acredite se quiser; O caboclo e o deputado (Moizés/Gerô); Receita do Brasil novo (Antonio J.
Siqueira e Moizés); Ode à mulher; Amor caboclo; O microfone; Vocaboilário
(Orlando Brito/Moizés) e finaliza com Despedida.
A faixa bônus Parece pesadelo, mas é real,
é uma homenagem a seu parceiro Gerô.
Três perguntas//Moizés Nobre
O que você espera com esse DVD?
Primeiro
de tudo divulgar o cordel, também mostrar a minha obra e a dos meus parceiros
que estão comigo nesse DVD. Sou ator por formação e cordelista por vocação.
Então é isso que as pessoas vão ver no DVD: a mistura dessas artes. Meu
objetivo também é fazer com que ele se propague, sobretudo nas escolas como
ferramenta literária. Hoje graças a Deus o cordel está nas escolas contribuindo
no processo de aprendizagem. Aqui em Santa Inês esse trabalho é muito realizado
em todos os níveis escolares, assim como em São Luís também.
Que tipos de trabalho você pode destacar?
O
cordel será tema do desfile de 7 de setembro aqui em Santa Inês. Além disso, o
meu trabalho está servindo de monografia para alunas da turma de Letras do
Cessin/Uema de Santa Inês. Tenho uma pesquisa concluída sobre os cordelistas do
Estado que deve ser lançada até o final do ano. O cordel é muito presente em
todos os municípios do Estado e essa pesquisa vai mostrar esse mapeamento dos
artistas do Estado e que tem menor visibilidade.
Suas poesias falam de tudo, inclusive
política. Você já teve trabalhos censurados?
Eu
procuro fazer cordel social. Trabalho temas do cotidiano, da política, educação,
saúde, moradia e motes variados. É só pedir que eu mando (risos). Mas já tive
sim alguns trabalhos censurados, inclusive nos cordéis para o Judas do
Laborarte, que eu também escrevo. Mas isso não influencia na minha obra.
Continuo trabalhando.
Serviço
O
quê? Lançamento do DVD “Acredite se Quiser”
Quando?
1° de agosto (quinta-feira), a partir das 18 horas
Onde?
Praça da Saudade (Santa Inês)
Quanto?
Aberto ao público
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