Doze horas de forró, xaxado e baião e as presenças dos cantores Fagner, Cezinha do Acordeon e Joquinha Gonzaga (sobrinho de Luiz Gonzaga), do Trio Nordestino e mais de 20 grupos, artistas locais e poetas populares vão botar a sanfona para tocar no X Tributo a Luiz Gonzaga que este ano acontecerá na Lagoa da Jansen, a partir das 15h. O evento é uma produção da Pororoca Produções, empresa responsável pela realização de grandes shows em São Luís, em parceria com o Movimento Maranhense em Defesa do Autêntico Forró (MDAF), grupo que realiza há dez anos o Tributo a Luiz Gonzaga.
O tributo já se tornou parte do calendário cultural da capital maranhense, e acontece sempre no primeiro fim de semana de dezembro, uma homenagem ao Rei do Baião que nasceu no dia 13 de dezembro de 1912 em Exu, Pernambuco. O cantor e compositor cearense Fagner é a grande estrela da noite. Ainda em comemoração aos 40 anos de carreira, o artista, além de homenagear Gonzagão, mostrará grandes sucessos da consagrada carreira, do último disco solo e do que foi lançado em parceria com Zé Ramalho. Os detalhes do show em São Luís você confere na entrevista que Fagner concedeu a O Imparcial ao final da reportagem.
Fagner iniciou a turnê nacional do show, ainda em 2013, com seus sucessos e novidades para festejar 40 anos de carreira. Com um pé no seu passado de glória e outro no futuro ele condensou no roteiro as músicas e os passos mais decisivos dessas quatro décadas de consagração popular. A importância de sua discografia é traduzida mais pelos nomes envolvidos na ficha técnica do que pelos números superlativos. Neste espetáculo que reitera o caráter sofisticado e ao mesmo tempo popular do cancioneiro Fagner divide o palco com Cristiano Pinho (guitarra), Marcus Vinnie (teclados), Marcos Farias(teclados e acordeon), André Carneiro (baixo) e Rick de la Torre (bateria) e Manassés Souza (violões e viola).
A apresentação de Fagner acontece às 21h, mas a festa começa mais cedo com um verdadeiro culto à cultura nordestina. Raimundinho do Forró, do grupo Forró Pé no Chão, é uma das atrações da festa e é conhecido como o Embaixador do Pé de Serra no Estado. Fundador de todas às homenagens ao Rei do Baião em São Luís, ele, ao lado de José Neto deu início ao tributo, ainda em 1998 e diz que é sempre uma honra tocar em homenagem a Gonzagão.
Segundo ele, a banda vai arrastar os pés da plateia ao som de xote e baião da melhor qualidade, com autêntico repertório de Luiz Gonzaga. “Nós começamos essa homenagem desde a Rádio capital e sempre estivemos lá lembrando e relembrando o autêntico forró e consagrando o gênero”, diz ele.
Para o forrozeiro, que também tem no filho, Ruy Mário, um seguidor no gênero, embora o forró não seja um ritmo tão difundido em São Luís como em outras partes do Nordeste brasileiro, o público em municípios do interior maranhense, especialmente nas regiões de Pedreiras e Bacabal, consagrou esse gênero como uma atração, e a harmonia de zabumba, sanfona, triângulo e pandeiro executando um legítimo pé de serra é um convite para a dança.
Quatro perguntas//Fagner
O seu show será dentro de um tradicional tributo a Gonzagão. O que o público pode esperar?
Mais um motivo para o público conferir um repertório rico de canções de Luiz Gonzaga, um artista do qual gravei dois discos com músicas dele. Vou fazer essa homenagem, mas também cantar músicas da carreira, do meu disco novo, Pássaros Urbanos, e outras coisas mais que o meu público, muito fiel, pode esperar. Um público que me acompanha há muito tempo, outro que está se renovando e que fico feliz em ver que curte o meu trabalho. Estou indo novamente a São Luís onde sempre faço questão de ir de peito aberto para estar com esse público que sempre me recebe tão bem e que vai ver um espetáculo especial preparado para eles.
Você lançou em parceria com Zé Ramalho o CD e DVD Fagner e Zé Ramalho ao Vivo um CD recentemente. Como foi fazer esse trabalho?
Nós gravamos outras vezes, fizemos alguns trabalhos juntos, mas gravar um CD juntos é a primeira vez. Somos duas figuras, artistas do Nordeste, que tem uma história e músicas com foco no Nordeste. Eu tenho 40 anos de carreira e ele quase isso. Somos parceiros, já gravamos um no disco do outro, moramos no mesmo prédio, fazemos caminhada juntos, então gravamos esse disco para reunir nossas canções, juntar nossas histórias. Vou mostrar também uma ou duas músicas desse trabalho no show.
As comemorações pelos 40 anos de carreira começaram ano passado?
Sim. E tanto o disco com o Zé Ramalho, quanto o Pássaros Urbanos, fazem parte desse rol de comemorações, já que passei algum tempo sem gravar um álbum de inéditas (5 anos) e é um disco muito fiel à minha história, pois traz parcerias da carreira, como Zeca Baleiro, Fausto Nilo, Clodo Ferreira, a produção é de Michael Sullivan. As pessoas tem gostado muito.
E dá para dizer o que tem sido mais marcante nessas 4 décadas?
É difícil dizer uma coisa só, mas posso falar dos discos e das parcerias. O meu primeiro disco com certeza foi muito marcante (Manera frufru, manera – “O último
pau-de-arara”-1973), os discos que fiz em espanhol (1981/1991) e que me transportaram para outra cultura, o Traduzir-se (1981), os discos com Luiz Gonzaga, como Caboclo Sonhador (1994) e com Zeca Baleiro (2003), que me aproximaram muito do Nordeste, de onde estava meio afastado. Acho que tudo isso e também as parcerias que tive e tenho desde o início da carreira, as que cultivei depois, pessoas que eu revelei. Então tem muita coisa marcante.
Serviço
O quê? X Tributo a Luiz Gonzaga
Quando?Hoje, a partir das 15h
Onde? Lagoa da Jansen
Quanto? Pista R$60,00; Camarote R$120, 00.
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