O ano de 2014 para a família Caymmi foi
especialmente todo dedicado à memória do compositor baiano Dorival
Caymmi. As comemorações pelo ano do centenário de nascimento do artista
(1914-2008) começaram em novembro do ano passado na abertura do Festival
Villa-Lobos, quando Nana, Dori e Danilo Caymmi subiram ao palco do
Theatro Municipal do Rio de Janeiro para dar o pontapé inicial nos
festejos do centenário.
Nenhum dos três
irmãos desenvolveu algum projeto pessoal nesse período. A intenção é
deixar inesquecível esse centenário e incentivar para que outras
homenagens a outras personalidades aconteçam. As festividades em favor
da obra do compositor vem acontecendo em todo o Brasil nas mais
diferentes linguagens, seja na literatura, nas artes plásticas, na
música – com os três irmãos juntos ou em espetáculos solos-, em
documentários audiovisuais, ou mesmo em palestras e debates. Uma dessas
homenagens os ludovicenses verão aqui em São Luís com o show de Danilo
Caymmi, hoje, às 20h, com o espetáculo Dorival 100 Anos, no Teatro
Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro).
Em
entrevista, por telefone, Danilo afirmou estar bem satisfeito com tudo o
que está sendo feito e que ainda continuará a ser realizado em 2015
sobre a vida e a obra do pai. O mais novo dos filhos de Dorival esteve
em São Luís em agosto deste ano, ocasião em que fez um show intimista na
Ponta do Bonfim pelo projeto Música e Por do Sol. Mas este agora,
totalmente diferente, será surpreendente para o público, segundo Danilo.
O cantor vem acompanhado dos violonistas Davi Melo e André Siqueira
para um show quase todo dedicado à obra do pai.
“Eu
nunca tinha estado em São Luís. Fui em agosto, gostei muito daí, fiz
alguns amigos e agora estou voltando para mostrar um repertório muito
alegre, um show dinâmico que foi feito muito em função do público que
estará no teatro e eu quero que as pessoas se divirtam. O show é do
centenário do meu pai, mas também terá coisas minhas e algumas surpresas
para o público”, conta.
Danilo enumera
algumas canções que estarão no repertório dando ênfase para o legado de
Caymmi, o pai, como: Minha Jangada, Maracangalha, Marina, Nem eu, A
Vizinha do Lado, Vatapá, além de canções dos anos 50, praieiras e
sambas, a exemplo de O que é que a baiana tem?. Da obra de Danilo não
faltarão Andança ( parceria com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), Vamos
falar de Tereza (tema de Teresa Batista Cansada de Guerra, minissérie
baseada na obra de Jorge Amado), parceria dele com o pai; além de
músicas da trilha sonora de Riacho Doce (minissérie exibida pela Rede
Globo em 1990; entre outras.
Cantor,
compositor e arranjador, Danilo, iniciou na carreira como flautista na
gravação do disco Caymmi Visita Tom, de 1964. A flauta ele ganhou do pai
quando tinha 11 anos. Cursou cinco anos de Arquitetura, mas a música
falou mais alto, principalmente quando em 1968, participou do II
Festival Internacional da Canção Popular com Andança, classificada em 3º
lugar na interpretação de Beth Carvalho e o grupo Golden Boys. “Bem aí
eu vi que não tinha jeito. Tinha que ser a música (risos)”, comenta
Danilo afirmando que ainda gostava de trombone, mas o pai fez de tudo
para tirar essa ideia da cabeça dele.
O homenageado
Dorival
Caymmi, dono de monumental obra talhada ao longo de quase oito décadas
de carreira, é responsável por um sem número de sucessos e por uma das
proles mais musicais do Brasil.
Caymmi
projetou a musical Bahia que hoje todos conhecemos tendo sido hit na voz
de Carmem Miranda. A O que é que a baiana tem?, imortalizada pela
brazilian bombshell, seguiu-se obra lapidar que todo mundo, vez em
quando assobia, mesmo às vezes desconhecendo seu autor. Quem não gosta
de samba bom sujeito não é, cravou certeiro numa delas.
Seis perguntas//Danilo Caymmi
Qual é o formato do seu show?
“É
um show bem dinâmico, com total interação com o público, um show muito
divertido como gosto de fazer. Terá muito humor também que é uma
característica da minha família. Eu conto umas histórias referentes às
canções do meu pai, dos bastidores, algumas curiosidades da carreira e é
tudo muito lúdico, com brincadeiras. Um show para divertir e acho que
as pessoas vão gostar muito”.
Como é que tem sido essa temporada de homenagens?
“Foram
vários produtos envolvendo a vida e obra do meu pai. Foram lançados
três livros; teve a reedição da biografia; discos com Nana e Dori; um
outro com participação de Gilberto (Gil), Chico (Buarque) e Caetano
(Veloso); exposição em Brasília (“Caymmi - 100 anos”, no Centro Cultural
Correios); documentários para a televisão e para o cinema; além de
atividades de pensamento, como debates e palestras; um balé; enfim
muitos produtos. Trabalhamos arduamente para que Caymmi seja lembrado
porque ele não pertence à nossa família, mas ao povo brasileiro.
O
mais legal disso é que vemos estudantes, crianças que fizeram vários
trabalhos escolares sobre Dorival. Então trata-se de memória para
cultura nacional e tomara que isso seja passado para outros centenários
também”.
E as festividades do centenário encerram este ano?
“Não.
Em 2015 continua o projeto. Tem o balé e o musical para os quais eu já
fui contatado. Já realizamos 70 por cento de tudo o que foi programado. E
tudo em função de deixar viva a memória de Dorival Caymi para que ele
seja lembrado para sempre”.
Ter nascido em uma família musical facilitou a sua entrada para a carreira?
“Sim.
Até cheguei a cursar Arquitetura, mas foi uma época em que ganhei o
festival com Andança e aí vi que a música estava mais forte acabei
deixando o curso. É coisa de família. Tem também a minha filha Alice que
está começando muito bem como cantora... A nossa educação foi muito
bacana. Meus pais tinham uma pinacoteca muito grande, fomos
influenciados não só pela música, mas pelas artes plásticas, pela
literatura, eles passavam tudo isso para a gente, então foi um caminho
natural”.
Vocês têm muita semelhança com a voz de Dorival. No que mais você se parece com ele?
“Com
a da minha mãe também (risos). Mas acho que tenho o temperamento dele,
sou muito tranquilo, gosto do palco, sou muito estradeiro também, como
ele era, e tenho o humor que é uma característica da família”.
De São Luís o show segue pra onde?
“Tenho
viajado o Brasil inteiro em show solo, com os meus irmãos e também com o
Cláudio Nucci. Não lançamos nenhum trabalho solo. Fizemos tudo em
função desse centenário, pois a ideia é torná-lo inesquecível. Mas
depois do show em São Luís eu vou descansar um pouco (risos), talvez ir
para Mauá (Rio de Janeiro) onde sempre costumo ir e passar este final
de ano”.
SERVIÇO
O quê? Espetáculo Dorival 100 anos, com Danilo Caymmi
Quando? Hoje (20), às 20h
Onde? Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)
Quanto? R$ 60 (plateia), R$ 50 (frisa e camarote) e R$ 40 (balcão e galeria)