segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Festival Guarnicê concede três prêmios a longa maranhense "Luíses"


*Publicação: 05/10/2013 20:30 




Com sessão lotada e aplaudido de pé por mais de dois minutos, o longa-metragem rodado no Maranhão e produzido pelo grupo Éguas Coletivo Audiovisual, foi destaque na programação do 36º Festival Guarnicê de Cinema. Juntos, os integrantes do grupo subiram ao palco durante a cerimônia de encerramento do Festival para receber os troféus que concederam a Kenny Mendes e Marcela Rocha o prêmio de Melhor Direção de Arte, e a Lauande Aires o de Melhor Ator.

Logo após a entrega dos prêmios, um problema na leitura dos premiados levou o júri a se manifestar em relação à entrega do prêmio de Melhor Direção de Longa-metragem, não realizada até o final da solenidade. Em seguida, o festival reavaliou a lista de entrega e anunciou a concessão do prêmio a Lucian Rosa, pelo filme Luíses, e encerrou a cerimônia pedindo desculpas pelo ocorrido.

Após a participação do filme no Festival Guarnicê de Cinema, vários espectadores se manifestaram positivamente nas redes sociais. "Que obra incrível, com certeza virou o filme preferido de muita gente (ja é o meu), a força desta obra vai elevar o nome do cinema maranhense aos clássicos nacionais", postou no facebook o estudante de história Ruan Mota. O sócio-proprietário da distribuidora Petrini Filmes, Raffaele Petrini, afirmou em crítica no seu blog: "Luíses é mais que um filme, é um grito poderoso. É cinema de guerrilha, anárquico e livre. É nosso".

O grupo foi indagado sobre as próximas exibições do filme. Em resposta, lançaram uma nota na página do Éguas Coletivo Audiovisual informando que se dedicará inicialmente ao circuito de festivais, e em seguida promoverão exibições em praças públicas, salas de aula, cineclubes, espaços de cultura e disponibilizarão a obra para download na internet.

O filme
Com 75 min., “Luíses - Solrealismo Maranhense” é uma mistura de ficção e documentário que retrata a vida do ludovicense sob uma ótica crítica da sociedade. O roteiro utiliza o mito da serpente que cresce adormecida nos subterrâneos da cidade e faz uma analogia com a mobilização popular. Neste contexto, o filme mostra a história dos vários Luíses que compõem a cidade, em especial a de Luís Calado, que no dia em que a serpente acorda, tenta se fazer ouvir.

A história ficcional é entrecortada por vários depoimentos, em que jornalista, advogado, funcionários de hospitais, pacientes, ativistas, líderes populares e moradores de rua denunciam a corrupção no poder público e o descaso com a cidade. O real e o imaginário caminham juntos nessa história que dá início ao Solrealismo. “Inspirados no filme MA 66 do Glauber Rocha, nós tentamos trazer, com pitadas de elementos do surrealismo e do tropicalismo, além de elementos regionais (por isso o nome Solrealismo), a expressão de um anseio por mudança que cresce não só em nós, integrantes do coletivo, mas em toda a sociedade. Tentamos usar tudo isto para mostrar a possibilidade de mudança que a mobilização e a arte trazem, por isso propomos um novo movimento cultural”, afirma Keyciane Martins, a produtora.

Este é o primeiro longa-metragem produzido pelo grupo. A ideia de fazer o filme surgiu logo depois da formação do Éguas Coletivo Audiovisual, há pouco mais de um ano. O grupo, bastante heterogêneo, é formado por integrantes de várias naturalidades, todos com raízes fincadas em São Luís e envolvidos em atividades. Keyciane conta que a equipe se uniu logo após participarem de uma atividade das oficinas do Festival Guarnicê de Cinema do ano passado. “Depois do Guarnicê, resolvemos montar um grupo para não perdermos contato e nos encontrávamos toda terça-feira no Chico Discos, no centro. Pensamos inicialmente em fazer um cineclube, mas aí a ideia de produzir foi ganhando forma e acabamos criando juntos o roteiro do Luíses”, explica.

Com um orçamento limitadíssimo de apenas R$1200, dinheiro arrecadado em pedágios e na Festa Solrealística (realizada durante o período de gravações), artistas, músicos e atores da cidade se empenharam voluntariamente em um esforço colaborativo para garantir um trabalho profissional na produção do filme. Destacam-se as atuações de artistas maranhenses como Raphael Brito e Lauande Aires, e a trilha sonora com composições de Criolina, Zeca Baleiro, Celso Borges, Marcos Belfort, Carlos Silva Jr. e Ricardo Wayland e Ricardo Passos.

http://www.oimparcial.com.br/app/noticia/impar/2013/10/05/interna_impar,142929/festival-guarnice-concede-tres-premios-a-longa-maranhense-luises.shtml

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