Olhar mais que restos orgânicos e
inorgânicos e transformá-los em arte. Este é o apelo do artista plástico
e artesão João da Mata. Autodidata e com uma vida inteira entregando-se
ao experimentalismo, somente agora, aos 63 anos de idade, ele realiza
sua primeira exposição, intitulada “Sente-se: Arte e Design”. A
vernissage acontece hoje, às 19h, na Galeria Trapiche
Santo Ângelo, equipamento cultural da Prefeitura de São Luís. A
exposição permanece durante todo o mês de novembro.
“Estamos seguindo a política de ocupação
do espaço da Galeria com produções locais, além de contribuir com
artistas como o João da Mata, que nunca fez uma exposição, e tem agora a
oportunidade de mostrar seu trabalho”, assegura Paulo Melo Sousa,
diretor da Galeria Trapiche, espaço vinculado à Fundação de Cultura
(Func).
Na exposição, João da Mata mostra toda a
sua habilidade em transformar restos de utensílios do uso cotidiano,
embarcações, isopor, troncos e galhos de árvores da flora brasileira, em
objetos artísticos. São 14 peças artesanais, feitas com uma machadinha e
muita criatividade do autor, que dá nome às peças, imbuídas de
mensagens ecológicas e sociais.
Neste sentido, ele é simultaneamente um
artista coletor – que após a coleta, seleciona o que vai servir à
construção de sua obra – e extrativista, ao extrair e selecionar troncos
e galhos de árvores que perderam a função biológica, pois é seu olhar
agudo para a natureza e para as coisas que alimenta sua arte. Ao reunir
esses elementos construtivos, cuja utilização e adequação são
organizadas intuitivamente, João da Mara se enquadra no grupo de
artistas múltiplos, criando um universo objetivo de significações
artísticas, sensoriais, utilitárias e lúdicas.
A mostra reúne uma série de bancos
formatados geometricamente ou estilizados em forma de canoa e que embora
contenham um inevitável apelo ao ato de sentar, são objetos criados e
disponibilizados não somente para esses fins. Suas linhas, formas
cromáticas e texturas apelam ao olhar estético, portanto, são
móveis-esculturas esculpidas em um único bloco de madeira.
Em algumas peças, João da Mata imprime
sua autoria, mas em outras se utiliza dos atributos naturais do próprio
suporte. “Eu olho a peça e logo vem a inspiração, eu deixo ela do jeito
que eu encontrei e só dou um acabamento, um complemento”, declara o
artista. Isso explica uma tendência à assimetria e o uso de vários
materiais nas peças do artista.
A Galeria Trapiche Santo Ângelo fica
na Avenida Vitorino Freire, s/nº, na Praia Grande, em frente ao Terminal
de Integração, e fica aberta ao público de segunda a sexta-feira, das
14h às 19h.
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