(publicada em O Imparcial - 02.08.13)
Dorival Caymmi em 1940 compôs: “Quem não gosta de samba bom sujeito não é...”. Então para quem gosta de samba e pagode vai poder curtir nos próximos finais de semana as apresentações de alguns dos melhores sambistas do Brasil. Artistas do Maranhão, São Paulo e Rio de Janeiro estarão no projeto Arena do Samba, no Ceprama (Madre Deus) em uma grande festa do projeto Arena do Samba.
A programação começa neste final de semana com grupos locais e os sambistas paulistas Naninha da Vila (foto), Carolina Soares (sábado) e Reinaldo o Príncipe do Pagode (domingo), com início sempre às 18h30. Ao todo serão 18 grupos de samba, incluindo-se os de renome nacional. Além dos já citados acima, estão programados ainda Leandro Lehart e Toninho Geraes
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Segundo os produtores, que há tempos vem idealizando esse projeto, o Arena do Samba está direcionado para fortalecer o movimento de samba e pagode em São Luís, ao mesmo tempo em que proporcionará o intercâmbio entre os grupos locais e artistas de renome nacional.
“Nos últimos 05 anos novos espaços de samba foram criados e novos grupos surgiram, sendo um ingrediente motivador para que a gente concentrizasse esse projeto que já vem sendo idealizado há algum tempo. Era para ter acontecido no início do ano, mas houve alguns problemas”, diz Carlos Junot, da Fênix Produções, realizadora do evento, cujo projeto foi patrocinado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
Hoje quem abre a programação é o Grupo Na Pegada, em seguida os grupos Argumento, Feijoada Completa e Naninha da Vila encerrando a noite. Naninha da Vila, conhecido assim por ser da Escola de Samba Unidos de Vila Maria, começou a se destacar em bares e botequins da Zona Norte de São Paulo, no início da década de 90. Desde então marcou presença em várias casas noturnas de São Paulo e rodas de samba. Há 13 anos lota as tardes de sábado na Feijoada com Samba (Bar Brahma), localizado na esquina da Av. Ipiranga com a Av. São João.
No repertório do show desta noite estarão sucessos como, Quem é do Mar, Poder da Criação, Ex Amor, Não deixe o samba morrer, Mulheres, Na Rua na Chuva, na Fazenda, entre outros.
Sereia do Samba – A paulista Carolina Soares faz sua apresentação no sábado (3). A Sereia do Samba como é carinhosamente conhecida interpreta em seus shows o repertório variado de grandes clássicos do samba e composições próprias. “Defino as músicas que interpreto como realmente brasileiras, com letra e harmonia que se resumem em tudo o que realmente acredito”, destaca.
O Príncipe do Pagode - Apresentado como “o príncipe do pagode” num programa de samba em São Paulo em 1987, o carioca Reinaldo Gonçalves Zacarias encerra a programação do domingo (4). A fama não é recente: o músico trocou o Rio pela capital paulista nos anos 80 e lá fez carreira gravando compositores como Arlindo Cruz, Almir Guineto e Sombrinha.
Cinco perguntas//Naninha da Vila
Essa não é a primeira vez que você vem a São Luís. Você já chegou a conhecer a produção local?
Essa já é a terceira vez. Eu gosto muito daqui. Falava muito com Alcione antes de vir pra cá. E a primeira vez que vim, no ano passado, era pra ficar um dia, fiquei oito e quase não voltava mais (risos). Vou regravar a música Roda Ciranda (Martinho da Vila) em homenagem a São Luís no meu próximo CD, de tanto que gosto dessa cidade e amo o Guaraná Jesus. Já conheci sim alguns trabalhos, como o do Madrilenus, daí fui criando vínculos com outros sambistas. Conheci o Quirino do qual vou gravar uma música; vou participar no sábado da festa do grupo Feijoada Completa.
Qual sua opinião sobre os grupos novos, novos sambistas?
O mundo do samba tem que ser respeitado. Eu fui criado no samba. Tenho muitos afilhados, como a Carolina Soares que vai estar aqui também. Já batizei muitos grupos e fui batizado por Jorge Aragão, Fundo de Quintal, Leci Brandão, então em que respeitar o samba, seja o grupo pequeno ou não. Palco não é instituto de beleza, é isso que eu digo. Se vai fazer, que se profissionalize, estude, faça o trabalho bem feito. O profissionalismo tem que estar acima de tudo. Hoje o meu nome é conhecido dentro da música, mas não fico me exaltando. Estou há 13 anos no Bar Brahma, com casa lotada em todas as apresentações, mas trato todo mundo igual.
Você não compõe?
Não. Sou intérprete. Porque entendo que compor é ter sentimento, inspiração e aliar à poesia. Eu sou afilhado de um dos compositores mais completos, que é o Almir Guineto, então o compositor tem que ter essa capacidade de transformar uma coisa em poesia. Adoro ver uma composição. Eu vou gravar a música Lama nas Ruas (Almir Guineto) porque a vi sendo feita. O cantor tem que sentir a música. Não é só chegar e cantar. Tem que ter sentimento de quem compõe e de quem canta. Não pode ser uma música passageira, tem que passar gerações.
Sobre seu trabalho na Escola de Samba?
A Vila Maria é minha outra paixão. Sou doente por essa escola onde fazemos de tudo e desenvolvemos um projeto social com serviços médicos, música, esporte. Acredito que a humildade vem de berço. E lá tratamos todo mundo de igual para igual. Conheço do policial ao bandido, do mais rico ao mais pobre e todos são tratados do mesmo jeito. Sempre digo: viva o hoje, o amanhã Deus dará. A gente não sabe se amanhã está vivo, então é importante se doar, cuidar das pessoas. Dinheiro não é nada. Quer exemplo maior do que o que foi dado pelo Papa aqui? Se todos fizerem a sua parte o Brasil será melhor do que está. Eu agradeço todos os dias por estar vivo.
E seus próximos trabalhos?
Eu estou divulgando meu CD e DVD gravado recentemente e já estou em estúdio para gravar o próximo que deve sair em setembro, onde vão ter canções de Clara Nunes, João Nogueira, Benito di Paula, com participações de Jorge Aragão, Belo, Cauby Peixoto, Almir Guineto. E está previsto para eu fazer outro show aqui em dezembro, com banda completa e o Benito di Paula. Vai ser o grande encontro.
Anota aí!
O quê? Arena do Samba
Quando? 2 (sexta-feira, 3 (sábado) e 4 (domingo), a partir das 18h
Onde? Ceprama (Madre Deus)
Quanto? Entrada franca
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