O grupo está em turnê do CD Nossa Verdade (2011), mas como é comum
em todas as apresentações, os grandes sucessos da trajetória dos sambistas não
ficarão de fora. Além disso, o público de São Luís vai ser apresentado ao novo
integrante da banda, o músico, cantor e compositor Délcio Luiz que integra o
time de bambas desde o início do ano, em substituição a Flavinho, que se
afastou por motivos de doença.
Ubirany (voz,
repique e caixinha), Bira Presidente (pandeiro e
voz) e Sereno (voz e tantã) são os músicos da formação inicial do grupo. Ao
lado de Ronaldinho (cavaquinho, banjo e voz),
Ademir Batera (bateria), e Délcio Luiz (cavaquinho e voz), o grupo apresentará
também canções do novo CD No Compasso do
Samba, o 32º da carreira, que tão logo seja distribuído pela gravadora,
deverá ser lançado. O
novo trabalho do grupo vem com direito a Pouti-pourri e o repertório fica por
conta de canções como Isso é felicidade,
Minha Fortaleza, Um Pingo é Letra, dentre outras.
O músico, representando o Fundo
de Quintal, levou comigo uma conversa leve e descontraída. Ele revela tudo sobre os próximos passos do grupo,
a chegada do novo membro ao grupo, projetos, carreira e sobre o pagode, dentre outros assuntos.
O Imparcial - Muitos
músicos já passaram pelo grupo nesses 35 anos. O Fundo de Quintal continua com
a mesma identidade?
Ubirany - As pessoas que passaram e saíram do
grupo são grandes sambistas, como Almir Guineto, Arlindo Cruz, Sombrinha, Jorge
Aragão, só pra citar alguns, são pessoas de alto nível e que saíram para fazer
carreira solo, acharam que era o momento e a gente fica muito feliz que essas
pessoas tenham passado pelo grupo e de terem levado alguma experiência para a
carreira deles. A gente tenta colocar outros músicos à altura deles. Mas isso
nunca nos fez perder a essência do grupo porque sempre escolhemos alguém que
tenha a nossa ideologia, o nosso perfil.
O Imparcial - Foi
esse o critério para a entrada do Délcio Luiz?
Ubirany - O Délcio se encaixa perfeitamente porque
é um grande compositor, músico, cantor. Nós mantemos a mesma base, eu o Bira e
o Sereno e a nossa ideologia musical é a mesma, sendo tradicional em todos os
aspectos, se mantendo no samba de raiz, sem entrar nas variações do samba,
Respeito todas elas, mas o Fundo de Quintal tem se mantido na tradição.
O Imparcial -Nas
variações de que você fala se inclui o pagode?
Ubirany - A propósito pagode foi um termo que a
mídia rotulou como gênero. O pagode na verdade é uma reunião de pessoas que se
encontra pra curtir samba, cantar ou tocar samba. Virou um gênero, ficou
rotulado como um samba mais romântico. Mas está tudo bem, o importante é que
tem samba pra todo mundo. O Fundo de Quintal também tem as suas músicas
românticas, mas seguindo a tradição percussiva que foi o que marcou o grupo: a
inserção de instrumentos percussivos que até então não havia e a certeza de que
estaríamos fazendo um trabalho diferenciado.
O Imparcial -Vocês
costumam ser procurados por novos grupos ou artistas do gênero?
Ubirany - Sim. São todos nossos amigos. Eles dizem
que nós somos referência para eles e isso é muito gratificante. Ao mesmo tempo aumenta nossa
responsabilidade, mas é legal. É bom saber que fazemos parte da discografia
deles e que conseguimos passar com a nossa ideologia algum ensinamento. Recebemos
muitos convites para participarmos de alguns trabalhos deles em composições ou
gravações e nós ficamos felizes de poder ser referência para essa turma que
está aí.
O Imparcial - Além
dos shows pelo Brasil, o que mais o Fundo de Quintal está fazendo?
Ubirany - Nós vamos lançar o nosso 32º CD, estamos
só dependendo da gravadora fazer a distribuição. Assim que for concluído vamos
fazer diferente nossa turnê. Vamos ampliar nossos shows para outros lugares que
não somente as capitais. Vamos viajar mais.
O Imparcial -E
por falar em gravadora, os artistas sempre reclamam que elas pressionam o
artista. Como tem sido lidar com isso em 35 anos de carreira?
Ubirany - Olha, quem disser que nunca teve
problema com gravadora está mentindo. Há dificuldades, mas a gente sempre tenta
lidar com isso. O que o grupo não abre mão é do nosso repertório, do nosso
jeito de fazer música. O resto a gente resolve.
O Imparcial -Dá
para citar aquele trabalho considerado mais especial?
Ubirany - Tem muitos, mas eu posso destacar o CD O Mapa da Mina (1986), que foi o
responsável pelo nosso primeiro disco de platina, e o 1º DVD que gravamos com
grandes músicos e sambistas que participaram da carreira do Fundo de Quintal.
Artistas que trabalharam conosco direta
ou indiretamente e que contribuíram de alguma forma com nossa trajetória. Nós
ficamos muito felizes por reunir tanta gente boa, todos os amigos. Foi o DVD
mais vendido no mundo do samba.
O Imparcial -E
por falar em vendas vocês tem um histórico invejável.
Ubirany - Graças a Deus nossos trabalhos são muito
bem acolhidos. Prova disso é que já vendemos milhões de discos, recebemos vários
discos de ouro e de platina sendo o primeiro no gênero a atingir vendagem
superior a 500.000 cópias. Além disso, tem as premiações que já recebemos,
dentre elas a do prêmio da Música
Popular Brasileira. Em 23 edições desse prêmio nós fomos agraciados em 19 como
o melhor Grupo de Samba, então, isso tudo é graças ao trabalho e ao público.
O Imparcial -Como
vai ser o show em São Luís?
Ubirany - Nós vamos chegar a São Luís com o
Délcio, que todos já conhecem de outros trabalhos e que agora está com o Fundo
de Quintal e cantar um repertório que vai desde o início da carreira até as
mais recentes gravações. Músicas que são cantadas e passadas de geração a
geração. Graças a Deus não somos um grupo de uma música só. São muitos
sucessos.
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