sábado, 20 de outubro de 2012

Entrevista com Ubirany do Fundo de Quintal

           Exclusiva com o músico Ubirany, do Fundo de Quintal, que se apresenta hoje, logo mais no Mandamentos Hall. A entrevista foi produzida por mim  para a edição de hj do Jornal O Imaprcial.


O grupo está em turnê do CD Nossa Verdade (2011), mas como é comum em todas as apresentações, os grandes sucessos da trajetória dos sambistas não ficarão de fora. Além disso, o público de São Luís vai ser apresentado ao novo integrante da banda, o músico, cantor e compositor Délcio Luiz que integra o time de bambas desde o início do ano, em substituição a Flavinho, que se afastou por motivos de doença.
Ubirany (voz, repique e caixinha), Bira Presidente (pandeiro e voz) e Sereno (voz e tantã) são os músicos da formação inicial do grupo. Ao lado de Ronaldinho (cavaquinho, banjo e voz), Ademir Batera (bateria), e Délcio Luiz (cavaquinho e voz), o grupo apresentará também canções do novo CD No Compasso do Samba, o 32º da carreira, que tão logo seja distribuído pela gravadora, deverá ser lançado. O novo trabalho do grupo vem com direito a Pouti-pourri e o repertório fica por conta de canções como Isso é felicidade, Minha Fortaleza, Um Pingo é Letra, dentre outras.

O músico, representando o Fundo de Quintal, levou comigo uma conversa leve e descontraída. Ele  revela tudo sobre os próximos passos do grupo, a chegada do novo membro ao grupo, projetos, carreira e sobre o pagode, dentre outros assuntos.


 O Imparcial - Muitos músicos já passaram pelo grupo nesses 35 anos. O Fundo de Quintal continua com a mesma identidade?

Ubirany - As pessoas que passaram e saíram do grupo são grandes sambistas, como Almir Guineto, Arlindo Cruz, Sombrinha, Jorge Aragão, só pra citar alguns, são pessoas de alto nível e que saíram para fazer carreira solo, acharam que era o momento e a gente fica muito feliz que essas pessoas tenham passado pelo grupo e de terem levado alguma experiência para a carreira deles. A gente tenta colocar outros músicos à altura deles. Mas isso nunca nos fez perder a essência do grupo porque sempre escolhemos alguém que tenha a nossa ideologia, o nosso perfil.

O Imparcial - Foi esse o critério para a entrada do Délcio Luiz?
Ubirany -  O Délcio se encaixa perfeitamente porque é um grande compositor, músico, cantor. Nós mantemos a mesma base, eu o Bira e o Sereno e a nossa ideologia musical é a mesma, sendo tradicional em todos os aspectos, se mantendo no samba de raiz, sem entrar nas variações do samba, Respeito todas elas, mas o Fundo de Quintal tem se mantido na tradição.

O Imparcial -Nas variações de que você fala se inclui o pagode?
Ubirany - A propósito pagode foi um termo que a mídia rotulou como gênero. O pagode na verdade é uma reunião de pessoas que se encontra pra curtir samba, cantar ou tocar samba. Virou um gênero, ficou rotulado como um samba mais romântico. Mas está tudo bem, o importante é que tem samba pra todo mundo. O Fundo de Quintal também tem as suas músicas românticas, mas seguindo a tradição percussiva que foi o que marcou o grupo: a inserção de instrumentos percussivos que até então não havia e a certeza de que estaríamos fazendo um trabalho diferenciado.

O Imparcial -Vocês costumam ser procurados por novos grupos ou artistas do gênero?
Ubirany - Sim. São todos nossos amigos. Eles dizem que nós somos referência para eles e isso é muito gratificante.  Ao mesmo tempo aumenta nossa responsabilidade, mas é legal. É bom saber que fazemos parte da discografia deles e que conseguimos passar com a nossa ideologia algum ensinamento. Recebemos muitos convites para participarmos de alguns trabalhos deles em composições ou gravações e nós ficamos felizes de poder ser referência para essa turma que está aí.

O Imparcial - Além dos shows pelo Brasil, o que mais o Fundo de Quintal está fazendo?
Ubirany - Nós vamos lançar o nosso 32º CD, estamos só dependendo da gravadora fazer a distribuição. Assim que for concluído vamos fazer diferente nossa turnê. Vamos ampliar nossos shows para outros lugares que não somente as capitais. Vamos viajar mais.

O Imparcial -E por falar em gravadora, os artistas sempre reclamam que elas pressionam o artista. Como tem sido lidar com isso em 35 anos de carreira?
Ubirany - Olha, quem disser que nunca teve problema com gravadora está mentindo. Há dificuldades, mas a gente sempre tenta lidar com isso. O que o grupo não abre mão é do nosso repertório, do nosso jeito de fazer música. O resto a gente resolve.


O Imparcial -Dá para citar aquele trabalho considerado mais especial?
Ubirany - Tem muitos, mas eu posso destacar o CD O Mapa da Mina (1986), que foi o responsável pelo nosso primeiro disco de platina, e o 1º DVD que gravamos com grandes músicos e sambistas que participaram da carreira do Fundo de Quintal. Artistas que  trabalharam conosco direta ou indiretamente e que contribuíram de alguma forma com nossa trajetória. Nós ficamos muito felizes por reunir tanta gente boa, todos os amigos. Foi o DVD mais vendido no  mundo do samba.

O Imparcial -E por falar em vendas vocês tem um histórico invejável.
Ubirany - Graças a Deus nossos trabalhos são muito bem acolhidos. Prova disso é que já vendemos milhões de discos, recebemos vários discos de ouro e de platina sendo o primeiro no gênero a atingir vendagem superior a 500.000 cópias. Além disso, tem as premiações que já recebemos, dentre elas a do  prêmio da Música Popular Brasileira. Em 23 edições desse prêmio nós fomos agraciados em 19 como o melhor Grupo de Samba, então, isso tudo é graças ao trabalho e ao público.

O Imparcial -Como vai ser o show em São Luís?
Ubirany - Nós vamos chegar a São Luís com o Délcio, que todos já conhecem de outros trabalhos e que agora está com o Fundo de Quintal e cantar um repertório que vai desde o início da carreira até as mais recentes gravações. Músicas que são cantadas e passadas de geração a geração. Graças a Deus não somos um grupo de uma música só. São muitos sucessos.

  Foto: Reprodução/Site Planeta Pagode

 

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