quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Eu só quero tirar uma carteira de identidade





 Eu nunca imaginei que fosse tão difícil tirar um documento de identidade. Para mim, e tenho certeza que para muitas outras pessoas que precisam da expedição do documento, a gratuidade da emissão de carteiras de identidade garantida pela Lei n° 12.687/2012 tem sido um transtorno. Daí você pode se perguntar, transtorno, mas como se é de graça? Exatamente. Por ser de graça. Infelizmente, como é comum a todo serviço público gratuito temos que ser obrigados a ficar à mercê da falta de estrutura dos governos para tais serviços enfrentando filas quilométricas, tendo que amanhecer na porta das prestadoras de serviços e na maioria das vezes, não conseguir ser atendido.
Quando eu me informei com a funcionária da unidade do Viva Cidadão no Shopping Jaracati sobre o procedimento para tirar a  carteira, pensei que fosse mais fácil, porém estranhei quando ela disse que eu precisava chegar muito cedo, embora o atendimento só começasse às 8h30. Pois bem, hoje me dirigi àquela unidade com a minha filha que precisa tirar a primeira via da carteira. Saímos de casa às 7h e eu achando que estava muito cedo. Ahhhhhhhhh. Quando chegamos lá às 7h20 já havia umas 50 pessoas na fila. E o pior ainda estava por vir. Informaram que só seriam atendidas  30 pessoas, sendo que 10 seriam crianças de até 12 anos. Ou seja, eu e dezenas de pessoas que estávamos na fila ficamos sem ser atendidos. O pior de tudo, muita desorganização, pois enquanto estávamos lá fora da unidade, no sol quente, esperando o atendimento, havia uma fila. Mas como não foram distribuídas senhas, e todo mundo queria ser atendido,  quando o portão foi liberado quem conseguiu chegar mais perto do balcão se deu bem. Não havia mais fila, só um aglomerado de pessoas desesperadas pelo atendimento. Parecia central de marcação de consultas. Mas pensa que acabou? Ainda não. Quando a quinta pessoa foi atendida a atendente disse que as vagas já haviam sido preenchidas...
Como assim??? E onde foram parar as outras quinze vagas, se todo mundo que estava na fila continuava ali, sem atendimento???? A multidão se aglomerava, reclamava, gritava, se indignava. E a atendente, já bastante alterada pela confusão também se exaltou: “Não adianta vcs reclamarem para mim, não sou eu que faço as regras”.
Pois é. Quem faz as regras não está ali todos os dias para ver o que acontece. Perguntei para um funcionário do shopping se era assim todos os dias e ele disse que tinha dias que “rolava até briga”. Fiquei pensando. Caramba, se essa confusão todinha é por causa da gratuidade, bom seria se a taxa de R$ 22,56 voltasse. Pelo menos as pessoas seriam atendidas. Ao mesmo tempo, creio que  não seja esse o caso, e sim, dos administradores públicos criarem alternativas para darem condições das pessoas obterem os serviços. Afinal esse é um serviço cidadão a que temos direitos de acordo com a lei.
Tinha gente na fila que dizia que já estava lá pela terceira vez. Já havia tentado no Viva Cidadão do Centro, onde há 100 vagas, mas não conseguiu. Depois tentou ir ao do João Paulo, onde são 60 vagas e também não teve êxito. A tentativa na unidade do Jaracati também não deu certo. “O que eu vou fazer agora? Moro longe não tenho condições de dormir na porta esperando atendimento”, lamentava a dona de casa.
Será que é isso que os governantes querem mesmo? Que passemos a dormir nas calçadas esperando na fila para podermos ser atendidos?  Já não basta o sofrimento pela busca de um serviço de saúde, agora para termos cidadania temos que ser humilhados também???

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