terça-feira, 3 de abril de 2012

Recordando a banda Daphne

Eu fiz uma matéria muito legal com alguns integrantes da extinta Banda Daphne, que cantou e encantou a minha geração no finalzinho dos anos 80. Falamos sobre os 16 anos do CD Semblantes, pioneiro em matéria de produção autoral. A matéria foi publicada no Jornal O Imparcial de hoje e pode ser vista tb no Online, http://www.oimparcial.com.br/app/noticia/impar/2012/04/03/interna_impar,112443/integrantes-da-banda-de-pop-rock-maranhense-relembram-os-primeiros-passos-do-grupo.shtml.

Vejam a entrevista com o ex-tecladista da banda, Paulo Pellegrini, que hj é lider da banda Mr. Simple, é professor de Jornalismo, diretor de Jornalismo da´Rádio Universidade FM e apresentador do programa de rock Vertentes, também da Rádio Universidade FM.

Seis perguntas//Paulo Pellegrini

O que representa o Semblantes para você?"Esse CD tem uma importância histórica de ser o primeiro disco de uma banda de rock do maranhão, porque antes da Daphne havia poucas bandas de rock e elas não produziram discos. A Daphne foi a primeira a conseguir lançar, logo depois também a Paul Time (banda) lançou. Foi uma espécie de abrir portas. De lá pra cá dezenas de bandas passaram a produzir, passaram também a ter a iniciativa de gravar e registrar o disco. Esse disco inclusive foi gravado com tecnologia analógica, na época gravações de rolo, no estúdio do saudoso maestro Nonato. Então era outra fase, outra época de produção de disco, não tinha nada de computador. Não tinha internet, quer dizer a gente conseguiu divulgar esse disco até fora do Brasil, tocou em Portugal. A gente tem gravação do programa de Portugal. Era muito mais difícil, mas ao mesmo tempo as conquistas era mais marcantes."

Depois do CD como ficou a Daphne?A banda durou até 2004 depois desse disco houve a produção de outro disco, o Por que não? Foi uma carreira de muitos shows, aberturas de shows nacionais, como o do Jota Quest. A Daphne ocupou praticamente todos os espaços culturais possíveis da cidade: teatros, universidades, praças, foi uma banda que realmente marcou muito e a gente percebe isso hoje. Quando as pessoas falam em Daphne é com uma saudade, uma nostalgia. A gente tocou junto no aniversário do Alexander na semana passada, mas assim profissionalmente a banda não se reúne mais por falta de tempo dos integrantes, outras prioridades.., eu estou com a Mr. Simple com o Otávio, o Alexander tem a carreira solo dele também, o Nuna tá trabalhando na área dele, mas é uma coisa que para todos nós, banda e público, é uma saudade boa, positiva. A Daphne lembra coisas boas".

E quanto ao trabalho autoral das bandas de rock de São Luís? "Eu acho normal que as gerações que vão se sucedendo sempre pensem que o seu momento atual seja o mais importante. Eu já passei por várias gerações de bandas ouvindo-as tocar pelo fato de ser jornalista e de fazer um programa sobre rock há 14 anos na Rádio Universidade. Então eu já vi várias vezes essa onda, esse crescimento e depois um murchar. Acho que a gente está vivendo um momento de crescimento, as bandas tão produzindo um trabalho, mas sedimentaram um discurso que não é o correto. É como se atualmente o sucesso das bandas se dá por que elas fazem música autoral e antes não se fazia. Isso não é verdade. As bandas sempre fizeram musica autoral , tanto que você tem discos da Daphne, da Paul Time, da Catarina Mina, músicas da Alcmena que não chegaram a lançar disco, mas tem várias musicas em rádios. As bandas tradicionais do rock do Maranhão Ânsia de Vômito, Cremador, todas elas tem música autoral também, o que acontece é que há um desconhecimento da história, então é mais fácil falar com desconhecimento de que a coisa nasceu hoje e não é."

Mas como você vê esse cenário?"O cenário é positivo com esses festivais todos que estão acontecendo, produtores profissionais, tem gente que tá trabalhando com produção de banda, e isso não tinha isso há algum tempo atrás. O cenário está se profissionalizando, então o que a gente espera é que um dia uma dessas bandas aconteça em nível nacional, isso nunca aconteceu. Aí sim eu diria que vai haver uma diferença do rock do Maranhão para o que aconteceu nos últimos 20 anos. Até agora não vejo que há uma grande revolução. Estamos em um bom momento e infelizmente pode não durar muito tempo por vários motivos, tem muita banda que nasce e morre rápido, tem bandas que tem os mesmo sintegrantes e mudam só de nome, são coisas assim que não são muito profissionais. Então eu vejo com um certo ceticismo, embora reconheça que o momento seja bom".

O que falta para que isso aconteça?"Na verdade o rock do Maranhão é reflexo da própria música do estado. É muito difícil um artista maranhense estourar em nível nacional se ele não arriscar tudo, largar tudo, ir embora do Maranhão, passar vários anos no ostracismo e de repente ele aparece. A gente tem uns poucos exemplos pra quantidade de artistas bons que o Maranhão tem. A quantidade de artistas que são reconhecidos nacionalmente a proporção é mínima, né? A gente aqui reconhece um Bruno Batista, um César nascimento, mas lá fora ninguém conhece o pessoal. E com o rock isso não é diferente é a mesma coisa. É difícil falar o que falta, acho que falta um pouco das bandas terem mais organização, vontade, e sorte pra alguma coisa acontecer, o contexto ser positivo; alguém tem que ver o show, achar bonito, querer adotar a banda. È muito difícil, é uma loteria."

O Semblantes atendeu às expectativas de vocês?"Até mais do que a gente esperava. Foi um disco produzido pela própria banda, não teve a participação de nenhum profissional na produção musical geral, arranjo, nada. A banda assinou tudo. A gente gravou com maestro Nonato e o filho dele, Fernando Henrique foi a única pessoa fora da banda que participou do processo de alguma forma. É um disco realmente autoral até nesse sentido. O disco foi pra fora do Maranhão, do Brasil. Na época o Premio Universidade premiava uma mesma produção que poderia render vários anos, era um processo menos rigoroso e esse disco ganhou vários prêmios em 1997, 1998, 1999. Só foi parar de ganhar quando saiu o Por que não?. Na época não tinha categoria banda de rock, era melhor banda, então ganhamos em cima da Tribo de Jah, do Sambauê. Ele deu muito mais frutos do que a gente imaginava. E até hoje é um disco cult, as pessoas procuram ? 'Pô você tem o CD Semblante? Eu tenho um em casa, eu tenho autografado...', passou a ser uma lenda ter o CD Semblante.
 

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