Vamos
sacolejar/É o samba, o pagode, maranhense, nordestino, Brasileirinhas/Dessa
terra mãe gentil, primeiro grupo feminino do Brasil/ Vamos sacolejar
É assim, com esse trecho do samba enredo,
Eu sou pagodeira brucutu bato o tambor,
sou partideira, sou da Ilha do Amor, que a Mocidade Independente Turma do
Saco, do bairro Codozinho, vai adentrar a Passarela do Samba para homenagear o
grupo As Brasileirinhas, primeiro grupo de samba feminino do Brasil.
Com tema de Júnior Barreto, enredo de
Helô Santana, música de Chris Santana, e letra de Chris Santana, Helô Santana e
Emerson Araújo, o grupo se sente reverenciado, por, ao longo de quase três
décadas se manter com o mesmo amor e talento ao samba.
“Nossa história está no samba enredo.
Fomos batizadas por Leci Brandão no palco do Clube Jaguarema, em seguida fomos
para o Rio de Janeiro em 1993, e aí Alcione nos lança no cenário brasileiro.
Isso é mais uma referência que está contida nesse samba. A gente se sente muito
feliz, porque manter uma formação de um grupo só de mulheres por tanto tempo é
ultrapassar muitas barreiras, é resistir a mais de duas décadas de estrada na
música. Nunca tinha acontecido isso de sermos homenageadas na passarela do
samba. Nós fazemos parte do carnaval como intérpretes, como apoio de escola de
samba, mas nunca tínhamos recebido um convite assim. Quem propôs esse enredo
foi o Júnior Barreto, vice-presidente da Turma do Saco. Quando Leci Brandão
recebeu essa notícia ficou muito feliz, tanto que há pouco tempo ela veio a São
Luís só para nos dar a benção para esse carnaval de muito sucesso”, contou Helô
Santana.
O grupo nasceu em 13 de fevereiro de
1992 no bairro da Cohab, em São Luís, idealizado por Rose Carrenho, uma
sambista que já trazia na bagagem um histórico de roda de samba e bloco de carnaval.
Rose encontrou a primeira e até hoje parceira do samba a cantora e também percussionista
Helô Santana, e assim, com Chris Santana, Ana Colibri e Cristiane Viégas,
começaram a escrever história no samba do Maranhão e do Brasil por serem pioneiras
dentro do universo até então comandado apenas por homens.
“Ser
a pioneira não só no Maranhão, mas em todo o Brasil, tanto que quando Leci Brandão
veio a São Luís naquele ano, que viu as Brasileirinhas no Jaguarema, ela
imediatamente quis nos batizar, dar a sua força, a sua benção, e isso nos
trouxe também uma responsabilidade, porque passamos a representar outras
mulheres que com a vontade de formar roda de samba não tinham coragem. Então, a
partir daí eu acho que outros grupos se formaram. E isso é gratificante, muito
feliz para o nosso coração”, disse Rose Carrenho.
Ainda em 1992 o grupo conheceu Alcione, que
quando soube que, a convite da então Escola Unidos da Ponte do Rio de Janeiro, As
Brasileirinhas iriam fazer um show na quadra em Pavuna , imediatamente mandou o
então amigo Chico Coimbra acompanhá-las ao Rio e assim incluiu as mesmas no seu
show no Teatro Rival Cinelândia. O show fez tanto sucesso que o grupo ficou até
o final da temporada.
“Além de Leci Brandão e Alcione, o
enredo também fala de Rose Carrenho, de mim, Helô Santana, da Tia Paz, porque
As Brasileirinhas começaram no quintal da Tia Paz, na Cohab, onde surgiu também
o Pagrode, com Pepê Júnior”, disse Helô.
Sobre um grupo resistir por tanto tempo
com o mesmo empenho de quando foi formado, Rose Carrenho disse que o amor é o
que move tudo. “O amor que temos pela nossa arte, pelo samba, que escreveu a história
de cada uma de nós em São Luís. Para mim e Helô, que estamos desde o começo no
grupo, lado a lado, isso é muito importante. Então a gente tem esse amor pela
carreira, que é tão grande que a gente não desiste. Como toda profissão tem
seus altos e baixos, mas a gente tem uma coisa fantástica entre a gente que é o
amor enorme pelo grupo, e isso nos faz resistir”, define.
As
Brasileirinhas no Carnaval
A apresentação da Turma do Saco
homenageando As Brasileirinhas será na segunda-feira de carnaval, dia 24, às 19h30.
Segundo Helô Santana, a comunidade do Codozinho está preparando essa homenagem
de forma muito especial. “As Brasileirinhas estará com um figurino
diferenciado. E todo o bloco estará fantasiado dentro do enredo. O samba está
belíssimo, contando a nossa história e com a inovação de ser interpretado peal
Cris Santana e por mim, Helô Santana, e ainda por Naldo e Emerson Araújo. O que
tem de especial é essa avenida colorida de Brasileirinhas e dessa rosa tão
especial com esse samba que está sendo muito elogiado”.
Antes do carnaval, porém o grupo faz uma
série de apresentações pela cidade, também em comemoração ao aniversário de 28
anos com o tema “As Brasileirinhas no Carnaval”.
Já estão agendados no dia 13, dia do aniversário,
show no Botequim da Música, no Recanto do Vinhais, onde o grupo fará o lançamento
oficial do samba da Turma do Saco. Também no dia 23, domingo gordo, o grupo se
apresenta no Espaço Fanfarra, no Turu, às 14h.
“Podemos dizer que com 28 anos de
carreira e com um trabalho feito com amor e dedicação, somado ao nosso talento,
vem junto um reconhecimento, tanto de produtores locais, quanto do poder
público. Temos recebido convites para levar nosso trabalho para a população e
isso é gratificante, mas é uma luta constante, diária, para manter a carreira
das Brasileirinhas”, disse Rose Carrenho.
A
trajetória
Com cinco anos de grupo e após cantarem
nós 50 anos de Marrom no teatro Arthur Azevedo, com a direção do diretor musical
Jorge Cardoso, o grupo gravou seu único CD que além de músicas de compositores
maranhenses como Quirino e Pepe Jr., também incluiu compositores de sucesso do
Rio, como Marcelo Guimarães da Beija Flor, na música Quando amor acaba, que cantam com Alcione.
Mais uma vez no Rio de Janeiro, entraram
novamente em temporada no Show "Valeu" de Alcione, no teatro João
Caetano, e em São Paulo, no Palace. Com isso, fizeram parte da coletânea da gravadora
Som Livre "Samba e Pagode" vol.8, com a música "Quando amor
acaba”. O lançamento do CD em São Luís foi no Teatro Arthur Azevedo.
No ano passado, Dorina sambista do Rio
de Janeiro, tomou conhecimento do grupo e entrou em contato com Rose Carrenho
para a direção geral no Maranhão do Segundo Encontro de Mulheres do Samba Nacional.
Atualmente o grupo é formado por Helô
Santana, Rose Carrenho, Noely Moura, Lia do Banjo e Mary Bass. E para coroar
essa história, estão sendo homenageadas pelo Bloco Organizado Mocidade
Independente da Turma do Saco com um samba que conta a trajetória dessas mulheres
que não desistem, resistem e acreditam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário