quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Uma cidade que respira cultura



Patricia Cunha

Conhece o Maranhão, sua cultura, suas manifestações folclóricas e populares, seus costumes, rituais, culinária? Pois saiba que o estado é rico, grandioso culturalmente, com influência de povos indígenas (costumes, culinária, mitos...) portugueses (costumes, língua), negros (dança, culinária, música, folguedos). Desde o início da semana estão sendo discutidos e debatidos a Diversidade, Patrimônio e Memória, durante a realização da Semana da Cultura Popular, que acontece em função do dia 22, data em que se comemora o folclore.
No Maranhão, estado que esbanja cultura popular, a Semana é realizada há 31 anos, pelo Governo do Estado. Este ano o evento está acontecendo na capital, e nas cidades de Alcântara, Guimarães, Imperatriz e Açailândia, para promover as manifestações artísticas populares e debater a cultura do Maranhão. A programação vai até o dia 24 de agosto.
O termo folclore, que tem origem no inglês “folklore” (sabedoria popular) é comemorada desde 1965, quando o então presidente da República, Marechal Castello Branco, por meio do decreto 56.747, oficializou o Dia como uma justa homenagem à cultura popular brasileira.
Em São Luís, que encanta pela diversidade da cultura popular, folclore, patrimônio, a programação de hoje começa às 8h, no  Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (Centro Histórico), com apresentação de Trabalhos de Pesquisa, e encerra às 18h com apresentação da Roda de Capoeira Maranhense, com Laborarte; Matroá; Acapus; Mandigueiros.
Cada cidade tem sua programação independente e datas específicas. Em São Luís, as atividades acontecerão até amanhã, 23 de agosto, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho; em Alcântara, de 22 a 24, no Museu Histórico de Alcântara, na Casa do Divino e na Praça da Matriz; Em Açailândia, até o dia 23; e em Imperatriz, a programação encerrará no dia 24, com atividades na UEMA, UemaSul, UFMA e IFMA.
Em todas as sedes, a programação da Semana de Cultura Popular é marcada por realizações de palestras temáticas, apresentações acadêmicas dos estudantes locais, rodas de discussão e conversa, oficinas, exposições, feiras de artesanato, exibição de filmes, entre outras atividades culturais.
“São esses encontros, oficinas e debates que amadurecem as discussões, as práticas artísticas e reforçam a memória da cultura em nosso estado. A Semana de Cultura Popular tem um papel importantíssimo no reconhecimento da nossa identidade, pois potencializa o sentimento de pertencimento, a maranhensidade. Dessa forma, entendemos nossa história, nossas raízes e, assim, poderemos lutar por uma sociedade mais justa e democrática”, comentou o secretário de estado da Cultura Anderson Lindoso.

Tradição e modernidade
O Boi da Floresta de Mestre Apolônio vai ser uma espécie de case durante a Semana da Cultura Popular. A presidente do Boi, produtora cultural e pesquisadora Nadir Cruz, vai falar sobre a vivência do grupo nesses quase 50 anos de atividade, na programação do dia 23, às 14h, durante a  Roda de Conversa  Manifestações da Cultura Popular Maranhense como Bens Imateriais – O Bumba-Meu-Boi. Na ocasião, além de Nadir Cruz, estarão:  Basílio Durans (Clube Recreativo dos Bumba-Bois de Zabumba;  Antônio Fausto (Federação dos Bumba-Bois do Maranhão),  e Leila Naiva (Boi de Axixá).
“A gente vai abordar o bumba-meu-boi como patrimônio, a inserção do Boi da Floresta nas  políticas de editais públicos, como Ponto de Cultura, Lei de Incentivo, mas também a nossa luta com recursos próprios. Por exemplo, colocarmos na internet uma vaquinha virtual, para receber recursos para a construção do Memorial Mestre Apolônio. Tem as vendas de artigos e produtos que são produzidos nos barracões, as apresentações culturais, tudo é revertido para o grupo”, conta a produtora cultural.
Como prova de que dá para unir tradição e modernidade, o grupo busca cada vez mais ficar antenado para garantir que o bumba-meu-boi esteja sempre em voga, por meio dos bens e produtos culturais.
“Estamos  produzindo um livro em memória do Mestre Apolônio (fundador do Boi da Floresta e que este ano completou centenário de nascimento, no dia 23 de julho), com pessoas que foram importantes para a história do grupo; já está disponível em todas as  plataformas digitais o álbum musical do grupo, Boi da Floresta 100 Anos de Mestre Apolônio. Nós, enquanto boi do sotaque da baixada, saímos na frente, nesse quesito, mostrando para os outros que é possível fazer. Além disso, estamos reestruturando o site. Modernizando, sem perder a essência, continuamos com todo o aparato tradicional, mas as mudanças chegam a ser imperceptíveis. Trabalhamos a modernidade, mas com olho na tradição. Principalmente porque estamos em momento de transição de gerações”, garante Nadir.
Durante o período junino, e já no álbum disponível nas plataformas digitais, foi possível perceber essa transição. Cerca de 70% do público do boi é composto por uma geração mais jovem, principalmente em se tratando de músicos e cantadores. “Os nossos mestres, por várias questões, estão pendurando a chuteira (o maracá, risos), então alguns, como o mestre Apolônio, conseguiram ainda passar essas informações para esses jovens, que incorporaram esse fazer cultural. E a gente está sempre em processo de transformação. No nosso barracão temos trabalho o ano inteiro”, disse Nadir.

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