Patricia
Cunha
Conhece o Maranhão, sua cultura, suas
manifestações folclóricas e populares, seus costumes, rituais, culinária? Pois
saiba que o estado é rico, grandioso culturalmente, com influência de
povos indígenas (costumes,
culinária, mitos...) portugueses (costumes, língua), negros (dança, culinária,
música, folguedos). Desde o início da semana estão sendo discutidos e debatidos
a Diversidade, Patrimônio e Memória,
durante a realização da Semana da Cultura Popular, que acontece em função do dia
22, data em que se comemora o folclore.
No Maranhão, estado que esbanja cultura
popular, a Semana é realizada há 31 anos, pelo Governo do Estado. Este ano o
evento está acontecendo na capital, e nas cidades de Alcântara, Guimarães,
Imperatriz e Açailândia, para promover as manifestações artísticas populares e
debater a cultura do Maranhão. A programação vai até o dia 24 de agosto.
O termo folclore, que tem origem no
inglês “folklore” (sabedoria popular) é comemorada desde 1965, quando o então
presidente da República, Marechal Castello Branco, por meio do decreto 56.747,
oficializou o Dia como uma justa homenagem à cultura popular brasileira.
Em São Luís, que encanta pela
diversidade da cultura popular, folclore, patrimônio, a programação de hoje
começa às 8h, no Centro de Cultura
Popular Domingos Vieira Filho (Centro Histórico), com apresentação de Trabalhos
de Pesquisa, e encerra às 18h com apresentação da Roda de Capoeira Maranhense,
com Laborarte; Matroá; Acapus; Mandigueiros.
Cada cidade tem sua programação independente
e datas específicas. Em São Luís, as atividades acontecerão até amanhã, 23 de
agosto, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho; em Alcântara, de 22
a 24, no Museu Histórico de Alcântara, na Casa do Divino e na Praça da Matriz; Em
Açailândia, até o dia 23; e em Imperatriz, a programação encerrará no dia 24,
com atividades na UEMA, UemaSul, UFMA e IFMA.
Em todas as sedes, a programação da
Semana de Cultura Popular é marcada por realizações de palestras temáticas,
apresentações acadêmicas dos estudantes locais, rodas de discussão e conversa,
oficinas, exposições, feiras de artesanato, exibição de filmes, entre outras
atividades culturais.
“São esses encontros, oficinas e debates
que amadurecem as discussões, as práticas artísticas e reforçam a memória da
cultura em nosso estado. A Semana de Cultura Popular tem um papel
importantíssimo no reconhecimento da nossa identidade, pois potencializa o
sentimento de pertencimento, a maranhensidade. Dessa forma, entendemos nossa
história, nossas raízes e, assim, poderemos lutar por uma sociedade mais justa
e democrática”, comentou o secretário de estado da Cultura Anderson Lindoso.
Tradição
e modernidade
O Boi da Floresta de Mestre Apolônio vai
ser uma espécie de case durante a
Semana da Cultura Popular. A presidente do Boi, produtora cultural e
pesquisadora Nadir Cruz, vai falar sobre a vivência do grupo nesses quase 50
anos de atividade, na programação do dia 23, às 14h, durante a Roda de Conversa Manifestações
da Cultura Popular Maranhense como Bens Imateriais – O Bumba-Meu-Boi. Na
ocasião, além de Nadir Cruz, estarão: Basílio Durans (Clube Recreativo dos
Bumba-Bois de Zabumba; Antônio Fausto
(Federação dos Bumba-Bois do Maranhão),
e Leila Naiva (Boi de Axixá).
“A gente vai abordar o bumba-meu-boi
como patrimônio, a inserção do Boi da Floresta nas políticas de editais públicos, como Ponto de
Cultura, Lei de Incentivo, mas também a nossa luta com recursos próprios. Por
exemplo, colocarmos na internet uma vaquinha virtual, para receber recursos
para a construção do Memorial Mestre Apolônio. Tem as vendas de artigos e
produtos que são produzidos nos barracões, as apresentações culturais, tudo é
revertido para o grupo”, conta a produtora cultural.
Como prova de que dá para unir tradição
e modernidade, o grupo busca cada vez mais ficar antenado para garantir que o
bumba-meu-boi esteja sempre em voga, por meio dos bens e produtos culturais.
“Estamos
produzindo um livro em memória do Mestre Apolônio (fundador do Boi da
Floresta e que este ano completou centenário de nascimento, no dia 23 de
julho), com pessoas que foram importantes para a história do grupo; já está
disponível em todas as plataformas
digitais o álbum musical do grupo, Boi da Floresta 100 Anos de Mestre Apolônio.
Nós, enquanto boi do sotaque da baixada, saímos na frente, nesse quesito, mostrando
para os outros que é possível fazer. Além disso, estamos reestruturando o site.
Modernizando, sem perder a essência, continuamos com todo o aparato
tradicional, mas as mudanças chegam a ser imperceptíveis. Trabalhamos a
modernidade, mas com olho na tradição. Principalmente porque estamos em momento
de transição de gerações”, garante Nadir.
Durante o período junino, e já no álbum
disponível nas plataformas digitais, foi possível perceber essa transição.
Cerca de 70% do público do boi é composto por uma geração mais jovem,
principalmente em se tratando de músicos e cantadores. “Os nossos mestres, por
várias questões, estão pendurando a chuteira (o maracá, risos), então alguns,
como o mestre Apolônio, conseguiram ainda passar essas informações para esses
jovens, que incorporaram esse fazer cultural. E a gente está sempre em processo
de transformação. No nosso barracão temos trabalho o ano inteiro”, disse Nadir.
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