A exposição “Tintas e Relevos” de Dalton Costa é um apanhado dos 20 anos da carreira artística dele nas artes plásticas e inicia com uma série de pinturas de peixes em cores vibrantes. O efeito da técnica, acrílico sobre tela, resulta em imagens que parecem saltar o plano da tela por conta do uso da cor, luz e sombra em forte intensidade. “Um amigo sugeriu a ideia de pintar peixes-pedra, comum em Ribamar. Então, eu resolvi explorar o uso de cores fortes para ver como ficaria o resultado”, disse Dalton.
Outro tema explorado pelo artista plástico é o universo feminino, com telas em técnica de 3D de formas femininas exploradas como objeto de consumo. O artista aborda a temática com tom de denúncia. “Sempre gostei de trabalhar com as formas e curvas do corpo feminino. Nesta exposição, eu explorei a ideia de como a publicidade vende a imagem da mulher como um produto que pode ser embalado e descartável, uma forma de denúncia”, explicou.
Duas técnicas direcionam a opção estética de Dalton: o gigantismo e o figurativismo contemporâneo. “Sempre procuro trabalhar com a questão da forma e da perspectiva. Por isso é que sempre coloco ao fundo das imagens uma cor forte e vibrante. Numa tela, por exemplo, eu me inspirei no quarto de um oftalmologista norte-americano chamado Adelbert Ames Júnior, um quarto diferente dos outros, em forma trapezoidal, que altera a dimensão da perspectiva. Eu não entro no abstrato. Gosto de trabalhar com formas e cores”, destacou.
Autodidata, o pintor começou nas artes por meio da pintura em tecido. Posteriormente, passou a usar papel machê. Foi o mercado do Carnaval que possibilitou a ele a profissionalização artística. “Comecei confeccionando bonecos gigantes, em 1993, por meio de uma oficina com a artista Telma Lopes. Em 1999, fui convidado pelo professor João de Deus para concorrer em uma exposição de máscaras de carnaval. Como havia pouco tempo, resolvi usar sucata como material para a obra. Acabei sendo premiado em primeiro lugar”, disse.
As máscaras carnavalescas em sucata também integram a exposição de Dalton, que, além das pinturas em tela, usa outros materiais como isopor, machê, espuma e arame. Ao todo, são 36 obras em cartaz. Duas delas inéditas, as telas “Musa das Águas” e “Pedra Prateada”. O artista participou do IV Salão de Artes de São Luís, com a obra “Salada da Indigestão”, uma denúncia contra a poluição ambiental num local da cidade de Ribamar que é habitat de iguanas.
SUCATA COMO ARTE
Em “Sucata, Arte e Cores” do artista De Mello, pode-se conferir obras com formas de bichos e insetos, entre outros temas para além da fauna e flora, nos quais a sucata é o principal suporte artístico. A inspiração para obras vem da relação do artista com o meio ambiente. “Desde 2006 eu venho trabalhando com sucata. Foi algo natural, comecei a me interessar pelo tema da ecologia, da sustentabilidade”, disse De Mello.
A exposição conta com 50 obras, sendo 40 delas inéditas. O trabalho com relevo, dimensões, cores e perspectiva no uso da sucata resulta em formas artísticas em linguagem contemporânea. Algumas obras do artista são conhecidas pelo público que acompanha o concurso de presépios do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho. Em 2009, o artista chegou a ser premiado internacionalmente, em Nova York, com a obra “O Violeiro”, feita de alumínio reciclado.
Antônio de Mello, ou apenas De Mello, sobrevive como pedreiro e carpinteiro. Natural de Palmeirândia, o artista começou nas artes de maneira autodidata e depois fez alguns cursos de desenho. Além das artes plásticas, De Mello também é membro da Academia de Letras da cidade de Paço do Lumiar.
As duas exposições ficarão abertas para visitação até o dia 29 deste mês. A Galeria Trapiche funciona de segunda a sábado no horário das 9h às 19h. A entrada é gratuita.
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