Confira matéria na íntegra no Jornal O Imparcial ou ainda na versão online, pelo link: http://www.oimparcial.com.br/app/noticia/impar/2012/06/24/interna_impar,117798/filho-de-coxinho-monta-campanha-folclorica-em-memoria-do-pai.shtml
Foto: Neidson Moreira
“...mas
quando chegar mês de junho/ Eu vou lembrar na boiada”. Os versos do falecido
Juca do Bolo para o saudoso Coxinho traduzem bem o que é esta época para
amigos, familiares e fãs do cantador Bartolomeu dos Santos (O Coxinho) que
morreu em 1991, e é considerado uma das maiores vozes do bumba meu boi do
Maranhão e de Pindaré, no sotaque de pandeirão.
Prova
disso é que para relembrar as toadas do amo foi criada a Companhia Folclórica
Fruto da Raça Show. Formada pelos cantadores Zequinha de Coxinho, Gilberto de
Coxinho, Careca de João Câncio e Pititiu, a Companhia foi criada após o sucesso
do tributo realizado há 13 anos no Bairro de Fátima.
O
grupo apresenta os sotaques de zabumba, matraca (ilha) e baixada (Pindaré) e
tem cerca de 40 componentes, dentre índias (2), índios (6), pandeiristas (6),
cazumbas (4), caboclos de pena (3) e onceiros (2).
Na
atividade desde 2005, o grupo tenta divulgar o seu trabalho em arraiais da
cidade, mas esbarra na falta de apoio do poder público. Nesta temporada com
apenas duas apresentações agendadas, a Companhia lamenta ainda não ter tido
oportunidade de se apresentar pelos vários espaços da cidade.
Zequinha você é
o filho mais velho de Coxinho e herdeiro dele no dom da cantoria. Foi uma
escolha sua não estar mais à frente de um boi?
“Sim.
Herdei o dom do meu pai, graças a Deus. Já cantei em outros bois, no Pindaré,
no Capricho do Bom Jesus, mas ser cantador do boi dos outros não estava dando
certo porque já estava cansado de ganhar dinheiro para os outros. Daí, eu e
Careca resolvemos montar nosso próprio grupo”.
Nesse grupo
vocês fazem uma mistura de ritmos?
“Nós
somos um grupo de palco, nós fazemos shows. Tocamos os vários sotaques, ilha,
baixada e zabumba. Nosso repertório é vasto e somos os únicos que cantamos o
Urrou do Boi completo, do começo ao fim. Esse é um momento de grande emoção.
Além disso, temos no nosso repertório outras músicas do meu pai, como
Anoitecer, Meu Vaqueiro Tu Tange a Boiada e Vou Soltar Minha Boiada, que foi a
última toada que ele gravou”.
Os
cantadores do grupo são todos de peso e que carregam sobrenomes fortes e isso
poderia ajudar na divulgação do grupo?
“Somos
quatro cantadores: eu, Gilberto que é meu irmão caçula, Careca, filho de João
Câncio e Pititiu, que é cantador do Bairro de Fátima. É um time forte, com
experiência. Eu considero Careca como se fosse meu irmão, assim como meu pai
era com o pai dele, então eu acho que a gente faz um trabalho bom. Nosso grupo
começou pequeno, mas agora já está com quase 40 componentes”.
Já que vocês não
tem apoio financeiro externo, como é que vocês fazem para confeccionar
vestimentas, indumentárias?
“A
gente se ajuda, tira do bolso, e a comunidade do Bairro de Fátima também se
integra com a gente. Nós buscamos apoio nas secretarias, fundações, pois
sabemos que são os órgãos públicos os maiores apoiadores, mas não fomos
atendidos. Não conseguimos nos cadastrar porque não tínhamos documentação, mas
já estamos providenciando isso. À parte estamos buscando apoio do Sebrae para
ajudar a desenvolver nosso projeto. Somos uma companhia que tem preocupação com
o cultural e o social também. Estamos prevendo a realização de oficinas de
indumentárias, de percussão, para socializar a comunidade e buscar formas de
tirar as crianças da rua”.
O grupo surgiu
com o sucesso do Tributo a Coxinho que vocês realizam há 13 anos. Mas e agora?
“A
gente continua realizando os tributos sempre em abril após o aniversário de
falecimento dele. Eu e Careca buscamos essa homenagem a nossos pais e agora,
com todas as dificuldades estamos buscando o nosso espaço dentro do São João.
Como já disse, temos um trabalho, experiência em outros bois. Todos os outros
cantadores já passaram ou estão cantando em outros grupos, por exemplo: o
Careca está no Lírio de São João, o Gilberto no Brilho da Ilha, o Pititiu no
Bairro de Fátima, então estamos sempre buscando melhorar. Nós vamos batizar o
grupo e esperar para que de repente a gente possa se apresentar em algum outro
lugar”.
21 anos após a
morte de Coxinho você acha que ele tem o reconhecimento que merece?
“Não.
Acho que ainda falta mais. Ele fez muito pela cultura, em especial o bumba-boi.
Mas nós estamos fazendo nossa parte, tanto que criamos o Tributo e depois a
Companhia”.