O desafio de três atrizes em
transformar um espetáculo que foi um fiasco de bilheteria, em uma nova
produção, num curto espaço de tempo é o mote do espetáculo As Três Fiandeiras: A Vida por um Fio, do grupo Xama Teatro. Durante
a narrativa em que elas se deparam com problemas financeiros e pessoais, elas
contam histórias, as suas e as das rendeiras de bilro, numa mistura de cena e
renda. O espetáculo fica em cartaz até o dia 6 de maio (aos sábados e
domingos, segundas e quartas-feiras), sempre às 19h, no Casarão Ângelus Novus
(Praia Grande).
No palco as
atrizes Gisele Vasconcelos (UFMA), Renata Figueiredo (Xama Teatro) e Rosa
Ewerton (Grupo Cenário) dão vida também a três atrizes, que se transformam em rendeiras
e depois em personagens mitológicos. Em um enredo que articula o plano do mito,
da realidade e da ficção, As Três
Fiandeiras é um espetáculo inédito construído a partir da dramaturgia do
ator e de narrativas cotidianas e mitológicas, com criação do diretor e
dramaturgo Igor Nascimento (Petite Mort), e pesquisa iniciada em agosto de 2012.
Encenado em três planos, o da realidade (três
atrizes), da ficção (três rendeiras) e do mito (Moiras, João de Una, Biocos e
Iemanjá) o espetáculo se desenrola, segundo Gisele Vasconcelos em uma ambiente
bem intimista, onde o espectador sente e percebe mais de perto o olhar das
atrizes e dos personagens que elas interpretam. O espetáculo já começa com as
atrizes no palco.
“Quando o público entra nós já estamos lá. As
três. Paradinhas. O público vai ficar distribuído nas laterais do corredor onde
o espetáculo se desenrola, com um cenário especial, uma luz preparada
especificamente para o espetáculo, tudo bem delicado. Tudo converge para esse
corredor. E o Casarão propicia uma proximidade muito grande com o público”,
conta Gisele.
A peça começa com o lamento sobre o final de
um espetáculo que não deu certo. As atrizes já começam agradecendo o público.
Isadora (Gisele Vasconcelos), Beatriz (Renata Figueiredo) e Isabel (Rosa
Ewerton) tentam lidar com o fracasso e o desafio de montar um espetáculo. “É
uma realidade nossa muito grande. São três atrizes com personalidades
distintas. A Isadora, que sou eu, acha a peça linda e não sabe por que não deu
certo, o que deu errado. A Isabel (Rosa) faz o estilo ‘deixa pra lá’ e no final
ela tem razão quando diz que a gente tem que fazer um novo espetáculo. E a
Beatriz (Renata) acha que a gente não tem que fazer nada, que não há mais
esperança nenhuma”, explica Gisele.
Depois de muitas discussões, de conversas
com palavras fortes umas com as outras, elas decidem que precisam montar o
espetáculo e transformar o fracasso em sucesso. Ao longo do espetáculo, elas
vão construindo suas personagens e descobrindo saídas para suas crises (suas relações
com o teatro, com a maternidade, com a idade...).
A partir daí entra em cena o segundo ato,
mas o público não percebe isso. A transformação das atrizes nas rendeiras Chica
(Gisele), Das Dores (Renata) e Zezé (Rosa) é bem natural. A vida real e a da ficção se costuram à
vida das rendeiras de bilro e à das fiandeiras do destino.
Das Dores e Zezé se juntam a Chica para
procurar o filho dela, desaparecido no mar. A história de Chica, mãe de
Ribamar, rendeira cujo filho foi pescar em alto mar e não retornou, se
entrelaça com o desafio das atrizes: é preciso ir buscar o filho desaparecido,
assim como é preciso montar um novo espetáculo. “São atrizes-narradoras. Transformamos nada em alguma coisa e a nossa
voz é a presença no palco” comenta Gisele.
O “transformar o nada em alguma coisa” a que
Gisele se refere, é que com a narração o público vai poder perceber cenas e
objetos, já que no palco estarão somente as atrizes. Um carretel, por exemplo,
utensílio comum à arte das rendeiras, se transforma em barco, banco, cadeira,
camarim... Da mesma forma o figurino. Uma mesma saia aparece de cores
diferentes. Um xale pode ser usado, além de adorno no ombro, como lenço,
manta...
“Eu uso um xale de filó comprado na Raposa e
as outras atrizes tem xales com aplicação de bilro produzido lá também, o que
mostra a identificação com a localidade da tradição das rendeiras”, constata
Gisele.
Motivadas por essa relação poética e
simbólica entre o tecer e o narrar vidas e fios, o Grupo Xama Teatro propõe unir
a necessidade de criação de uma nova dramaturgia com foco na arte de narrar.
Gisele Vasconcelos
Interpreta Isadora e Chica
Renata Figueiredo
Interpreta Beatriz
e Das Dores
Rosa Ewerton
Interpreta
Isabel e Zezé
Ficha técnica
Direção e Dramaturgia: Igor Nascimento
Elenco: Renata Figueiredo, Gisele
Vasconcelos e Rosa Ewerton
Música e Preparação Vocal: Gustavo
Correia
Figurino: Cacau di Aquino
Iluminação: Camila Grimaldi
Cenografia: Ivy Faladeli
Identidade visual: Maurício
Vasconcelos
Fotografia: Márcio Vasconcelos
Produção: Grupos Xama Teatro e Petite
Mort
Serviço
O quê? Espetáculo
As Três
Fiandeiras
Quando? Até 06.05, às 19h
Onde? Casarão Angelus
Novus (Beco Catarina Mina, 123, Praia Grande)
Quanto? R$20,00 à venda no
site amoingresso.com
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