sexta-feira, 1 de maio de 2015

Tecendo histórias




 
O desafio de três atrizes em transformar um espetáculo que foi um fiasco de bilheteria, em uma nova produção, num curto espaço de tempo é o mote do espetáculo As Três Fiandeiras: A Vida por um Fio, do grupo Xama Teatro. Durante a narrativa em que elas se deparam com problemas financeiros e pessoais, elas contam histórias, as suas e as das rendeiras de bilro, numa mistura de cena e renda. O espetáculo fica em cartaz até o dia 6 de maio (aos sábados e domingos, segundas e quartas-feiras), sempre às 19h, no Casarão Ângelus Novus (Praia Grande).
No palco as atrizes Gisele Vasconcelos (UFMA), Renata Figueiredo (Xama Teatro) e Rosa Ewerton (Grupo Cenário) dão vida também a três atrizes, que se transformam em rendeiras e depois em personagens mitológicos. Em um enredo que articula o plano do mito, da realidade e da ficção, As Três Fiandeiras é um espetáculo inédito construído a partir da dramaturgia do ator e de narrativas cotidianas e mitológicas, com criação do diretor e dramaturgo Igor Nascimento (Petite Mort), e pesquisa iniciada em agosto de 2012.
Encenado em três planos, o da realidade (três atrizes), da ficção (três rendeiras) e do mito (Moiras, João de Una, Biocos e Iemanjá) o espetáculo se desenrola, segundo Gisele Vasconcelos em uma ambiente bem intimista, onde o espectador sente e percebe mais de perto o olhar das atrizes e dos personagens que elas interpretam. O espetáculo já começa com as atrizes no palco.
“Quando o público entra nós já estamos lá. As três. Paradinhas. O público vai ficar distribuído nas laterais do corredor onde o espetáculo se desenrola, com um cenário especial, uma luz preparada especificamente para o espetáculo, tudo bem delicado. Tudo converge para esse corredor. E o Casarão propicia uma proximidade muito grande com o público”, conta Gisele.
A peça começa com o lamento sobre o final de um espetáculo que não deu certo. As atrizes já começam agradecendo o público. Isadora (Gisele Vasconcelos), Beatriz (Renata Figueiredo) e Isabel (Rosa Ewerton) tentam lidar com o fracasso e o desafio de montar um espetáculo. “É uma realidade nossa muito grande. São três atrizes com personalidades distintas. A Isadora, que sou eu, acha a peça linda e não sabe por que não deu certo, o que deu errado. A Isabel (Rosa) faz o estilo ‘deixa pra lá’ e no final ela tem razão quando diz que a gente tem que fazer um novo espetáculo. E a Beatriz (Renata) acha que a gente não tem que fazer nada, que não há mais esperança nenhuma”, explica Gisele.
Depois de muitas discussões, de conversas com palavras fortes umas com as outras, elas decidem que precisam montar o espetáculo e transformar o fracasso em sucesso. Ao longo do espetáculo, elas vão construindo suas personagens e descobrindo saídas para suas crises (suas relações com o teatro, com a maternidade, com a idade...).
A partir daí entra em cena o segundo ato, mas o público não percebe isso. A transformação das atrizes nas rendeiras Chica (Gisele), Das Dores (Renata) e Zezé (Rosa) é bem natural.  A vida real e a da ficção se costuram à vida das rendeiras de bilro e à das fiandeiras do destino.
Das Dores e Zezé se juntam a Chica para procurar o filho dela, desaparecido no mar. A história de Chica, mãe de Ribamar, rendeira cujo filho foi pescar em alto mar e não retornou, se entrelaça com o desafio das atrizes: é preciso ir buscar o filho desaparecido, assim como é preciso montar um novo espetáculo. “São atrizes-narradoras. Transformamos nada em alguma coisa e a nossa voz é a presença no palco” comenta Gisele.
O “transformar o nada em alguma coisa” a que Gisele se refere, é que com a narração o público vai poder perceber cenas e objetos, já que no palco estarão somente as atrizes. Um carretel, por exemplo, utensílio comum à arte das rendeiras, se transforma em barco, banco, cadeira, camarim... Da mesma forma o figurino. Uma mesma saia aparece de cores diferentes. Um xale pode ser usado, além de adorno no ombro, como lenço, manta...
“Eu uso um xale de filó comprado na Raposa e as outras atrizes tem xales com aplicação de bilro produzido lá também, o que mostra a identificação com a localidade da tradição das rendeiras”, constata Gisele.   
Motivadas por essa relação poética e simbólica entre o tecer e o narrar vidas e fios, o Grupo Xama Teatro propõe unir a necessidade de criação de uma nova dramaturgia com foco na arte de narrar.


Gisele Vasconcelos
Interpreta Isadora e Chica




Renata Figueiredo
Interpreta Beatriz e Das Dores





Rosa Ewerton
Interpreta Isabel e Zezé


Ficha técnica
Direção e Dramaturgia: Igor Nascimento
Elenco: Renata Figueiredo, Gisele Vasconcelos e Rosa Ewerton
Música e Preparação Vocal: Gustavo Correia
Figurino: Cacau di Aquino
Iluminação: Camila Grimaldi
Cenografia: Ivy Faladeli
Identidade visual: Maurício Vasconcelos
Fotografia: Márcio Vasconcelos
Produção: Grupos Xama Teatro e Petite Mort

Serviço
O quê? Espetáculo As Três Fiandeiras
Quando? Até 06.05, às 19h
Onde? Casarão Angelus Novus (Beco Catarina Mina, 123, Praia Grande)
Quanto? R$20,00 à venda no site amoingresso.com

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