quinta-feira, 30 de março de 2023

Autor maranhense lança romance sobre paixão proibida, ancestralidade e fatos históricos



    Esta é uma história de amores.  De marés. De fluxos e do movimento que a própria vida cria, e nos leva a encontrar com o nosso verdadeiro eu. A trama se desenrola ao longo do ano de 1963. Tem como pano de fundo a cidade de São Luís do Maranhão. Impregnada de história, ilhada em si mesma e nos seus costumes, no seu entorno acontece uma das maiores variações de marés do mundo. A força renovadora dessa correnteza, em contraste com a vida pacata e conservadora dos moradores, é a perfeita metáfora para o turbilhão de sentimentos e desejos envolvidos numa relação proibida entre duas mulheres numa época e lugar de extremos preconceitos com qualquer tipo de relação fora das normas vigentes. É com essa premissa romântica e poética que o escritor estreante Chico Fonseca lança o livro Amores, Marias, Marés pelo selo Jangada, do Grupo Editorial Pensamento.

A obra nos traz, por meio de sua narrativa empática, um diálogo com temáticas atuais, como questões raciais e diversidade sexual, e apresenta ao leitor Maria Ellena, uma jovem professora de História de 26 anos, bonita, branca e recém-casada com Arthur, um aristocrata dominado pela mãe. Ellena deixou de dar aulas para se dedicar à sua nova condição de dona de casa. Não ficava bem, pelos padrões da época, trabalhar fora, já que o marido, um homem de posses, podia sustentá-la.

Na trama, a professora, apaixonada pelo magistério, obtém licença do marido para dar aulas em casa, sem remuneração, para a neta da costureira da sua mãe, que se preparava para o vestibular de História. A aluna é Mariana, de 19 anos. Interessada na importante participação dos negros na construção da cidade, Mariana convence a professora a acompanhá-la nas pesquisas sobre a saga de um ancestral escravizado do qual ela tem pouquíssimas informações, as quais deseja resgatar em arquivos históricos, além de resgatar a história dos negros escravizados que ajudaram a construir São Luís do Maranhão.

Entre pesquisas, passeios de bonde e conversas descontraídas, saboreando sorvetes de frutas da terra, Maria Ellena e Mariana descobrem afinidades, tornam-se amigas, confidentes, até se descobrirem enredadas em uma inesperada paixão, que mudará radicalmente seus destinos. Ao costurar retalhos de histórias de vidas reais com outras que, por descuido do destino, não chegaram a existir, o autor relata uma história com emoção e poesia, em um romance cheio de detalhes sobre a vida da São Luís histórica, e que em seu final traz uma reviravolta que promete surpreender o leitor.

E agora, com pouco mais de um ano de casada, sou surpreendida poressa epifania, essa revelação, essa loucura, esse sentimentotransgressor, que não respeita costumes nem regras, que desconhecebarreiras, que virou a minha vida de pernas para o ar e me mostrou o queeu me recusava a ver. Tinha medo de ver. A expectativa pela chegadada pessoa amada eu sinto agora. O coração batendo forte a cadaencontro, é o que eu sinto hoje. E, mais forte que tudo, o arrepio dosamantes, a brasa ardente que me queima quando tu te aproximas de mim.(Amores, Marias, Marés, p. 109)

Ao longo das páginas de Amores, Marias, Marés, a escrita de Chico Fonseca conquistará os leitores e fará com que eles acompanhem os questionamentos e os dramas de suas personagens principais: De que forma essas mulheres irão lidar com esse turbilhão de sentimentos em um tempo de recato, religiosidade e preconceito? Qual seria a solução para poderem dar vazão aos seus reais sentimentos? Enfrentar as convenções e encontrar uma maneira de viver essa relação?

Ficha técnica:Título: Amores, Marias, Marés,Autor: Chico FonsecaEditora: JangadaPáginas: 288Preço: R$ 56.90 (versão impressa), R$ 39,80 (e-book)Onde encontrar: Grupo PensamentoAmazon

Sobre o autor: Francisco Fonseca Neto é arquiteto e urbanista. Nasceu em São Luís, Maranhão, em 1949. Aos quinze anos, mudou-se com os pais para o Rio de Janeiro, onde se formou pela UFRJ, em 1976. É casado e tem dois filhos, Renato e Carolina.

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