O livro, publicado pela Editora 7 Cores, com patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Maranhão, chega ao público numa bela e impactante arte de Ronilson Freire, impresso em papel pólen, formato 17x24cm, 130 páginas, P&B e capa colorida, após mais de dois anos de pesquisa e roteirização. “É uma obra atemporal, e por isto mesmo, profundamente contemporânea, que sinto que deveria ser lida por todos. Por isso a opção de quadrinizá-la, porque além de permitir a possibilidade de uma maior democratização da literatura de um dos maiores escritores do Brasil, mesmo que por meio de uma adaptação, também é uma forma de preservar e valorizar uma obra genuinamente maranhense, por meio dos costumes, do cenário político e social da época, possibilitando um paralelo com os dias atuais”, explica Araújo.
Lançado em 1881, o romance original de Azevedo inaugurou o “Naturalismo” no Brasil, gênero literário do qual o autor é precursor no país. Na época de seu lançamento, “O Mulato” causou rebuliço, principalmente no Maranhão, por tratar de questões raciais de forma crua e detalhadamente descritas, e por sua crítica explícita à igreja e ao clero maranhense. Na obra, o mulato Raimundo retorna da Europa após formar-se advogado. No Maranhão ele desperta a paixão da prima Ana Rosa, uma jovem ingênua e sonhadora. O namoro dos dois, no entanto, não progride por causa da origem do rapaz. Mesmo rico, advogado, educado e com um futuro promissor, ele carrega uma grande sina: ser filho de uma negra escravizada, o que para a sociedade maranhense de então era um pecado mortal.
Ambientado num Brasil escravocrata, o romance chocou a sociedade, que não gostou de se ver retratada na obra. Hoje, passados 138 anos de sua primeira edição, o que teria “O Mulato”, de tão atual? Para Iramir Araujo, certas formas de pensamentos e ações continuam arraigadas em uma parte considerável da população brasileira. “Infelizmente continuamos, nos dias de hoje, debatendo formas de trabalho análogas à escravidão, preconceitos raciais, religiosos e ideológicos. A hipocrisia religiosa, por exemplo: muita gente continua fazendo vítimas em nome de um Deus muito cruel. Tudo isto continua muito presente no cotidiano da nossa sociedade”, analisa.
Outros lançamentos – Com uma agenda previamente definida, O Mulato em quadrinhos será lançada em novembro, mês da Consciência Negra, no Espaço Cultural Maria Firmina dos Reis, no Centro de São Luís, e no dia 6 de dezembro na CCXP-2019 em São Paulo
“Pretendemos levar 'O Mulato em quadrinhos' ao maior número possível de pessoas, por isso estamos com uma agenda previamente definida até o final do ano. Mas por hora, eu gostaria de convidar as pessoas para visitarem a FeLiS. É um evento singular, que movimenta o cenário cultural e literário do nosso Estado, e para mim será uma honra lançar 'O Mulato em quadrinhos' na Feira, bem como um imenso prazer bater um papo com quem aparecer por lá”, convida o autor.
Serviço
O quê? Lançamento de “O Mulato” em quadrinhos
Quando? 20 de outubro, às 19h
Onde? Espaço Casa do escritor - 14ª FeLis – Multicenter Sebrae
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