terça-feira, 15 de outubro de 2019

"O Mulato" em quadrinhos será lançado na Feira do Livro de São Luís

Por uma feliz sincronicidade do destino, “O Mulato”, obra prima de Aluísio Azevedo, adaptada para os quadrinhos por Iramir Araujo terá lançamento durante a 13ª Feira do Livro de São Luís (FeLiS), ano no qual o romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista maranhense é o grande homenageado do evento. O lançamento, com bate papo  e noite de autógrafos será neste domingo, 20 de outubro, à partir das 19h, no espaço Casa do Escritor.

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O livro, publicado pela Editora 7 Cores, com patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Maranhão, chega ao público numa bela e impactante arte de Ronilson Freire, impresso em papel pólen, formato 17x24cm, 130 páginas, P&B e capa colorida, após mais de dois anos de pesquisa e roteirização. “É uma obra atemporal, e por isto mesmo, profundamente contemporânea, que sinto que deveria ser lida por todos. Por isso a opção de quadrinizá-la, porque além de permitir a possibilidade de uma maior democratização da literatura de um dos maiores escritores do Brasil, mesmo que por meio de uma adaptação, também é uma forma de preservar e valorizar uma obra genuinamente maranhense, por meio dos costumes, do cenário político e social da época, possibilitando um paralelo com os dias atuais”, explica Araújo.

Lançado em 1881, o romance original de Azevedo inaugurou o “Naturalismo” no Brasil, gênero literário do qual o autor é precursor no país. Na época de seu lançamento, “O Mulato” causou rebuliço, principalmente no Maranhão, por tratar de questões raciais de forma crua e detalhadamente descritas, e por sua crítica explícita à igreja e ao clero maranhense. Na obra, o mulato Raimundo retorna da Europa após formar-se advogado. No Maranhão ele desperta a paixão da prima Ana Rosa, uma jovem ingênua e sonhadora. O namoro dos dois, no entanto, não progride por causa da origem do rapaz. Mesmo rico, advogado, educado e com um futuro promissor, ele carrega uma grande sina: ser filho de uma negra escravizada, o que para a sociedade maranhense de então era um pecado mortal.

Ambientado num Brasil escravocrata, o romance chocou a sociedade, que não gostou de se ver retratada na obra. Hoje, passados 138 anos de sua primeira edição, o que teria “O Mulato”, de tão atual? Para Iramir Araujo, certas formas de pensamentos e ações continuam arraigadas em uma parte considerável da população brasileira. “Infelizmente continuamos, nos dias de hoje, debatendo formas de trabalho análogas à escravidão, preconceitos raciais, religiosos e ideológicos. A hipocrisia religiosa, por exemplo: muita gente continua fazendo vítimas em nome de um Deus muito cruel. Tudo isto continua muito presente no cotidiano da nossa sociedade”, analisa.

Outros lançamentos – Com uma agenda previamente definida, O Mulato em quadrinhos será lançada em novembro, mês da Consciência Negra, no Espaço Cultural Maria Firmina dos Reis, no Centro de São Luís, e no dia 6 de dezembro na CCXP-2019 em São Paulo

“Pretendemos levar 'O Mulato em quadrinhos' ao maior número possível de pessoas, por isso estamos com uma agenda previamente definida até o final do ano. Mas por hora, eu gostaria de convidar as pessoas para visitarem a FeLiS. É um evento singular, que movimenta o cenário cultural e literário do nosso Estado, e para mim será uma honra lançar 'O Mulato em quadrinhos' na Feira, bem como um imenso prazer bater um papo com quem aparecer por lá”, convida o autor.

Serviço
O quê? Lançamento de “O Mulato” em quadrinhos
Quando? 20 de outubro, às 19h
Onde? Espaço Casa do escritor -  14ª FeLis – Multicenter Sebrae

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