Carnavalesco
Wagner Santos estreou com vitória na Acadêmicos do Tatuapé, que já se prepara para o desfile das campeãs nesta
sexta-feira, 16.
Patricia Cunha
Enquanto relaxava do desfile das escolas
de samba de São Paulo, o carnavalesco maranhense Wagner Santos, da Acadêmicos
do Tatuapé, escola campeã deste ano, conversou comigo. Simpático e muito feliz
pela conquista do campeonato Paulo, aproveitava o dia de folga porque no dia
seguinte já começaria a preparar a escola para o Desfile das Campeãs, que
acontece nesta sexta-feira (16), reunindo as cinco primeiro colocadas do Grupo
Especial, e a vice do Grupo de Acesso, no sambódromo do Anhembi.
A atual campeã do Carnaval de São Paulo,
escola da Zona Leste levou para o Anhembi, na última sexta-feira, o enredo Maranhão: os tambores vão ecoar na terra da
encantaria. Com 3.200 integrantes, fantasias luxuosas e carros alegóricos
que esbanjaram criatividade, o desfile contou a história e tradições do
Maranhão. A taça só foi garantida na apuração da última nota do último jurado.
“Eu estou com a sensação de dever cumprido,
porque se você estreia em uma escola que no último carnaval foi campeã, você
tem a missão de corresponder com toda a expectativa da comunidade e isso pede
uma responsabilidade muito grande de conseguir realizar esse sonho. Para mim
foi um grande prazer e uma realização. Tenho a sensação de dever cumprido e
mais ainda homenageando meu estado, minha cultura, minha gente, meu povo. Me
sinto duplamente honrado por ter desenvolvido esse trabalho”, disse Wagner
Santos.
Wagner foi contratado pela Acadêmicos do
Tatuapé em abril do ano passado. Este é o segundo título da história da Escola,
que voltou a disputar no grupo especial em 2013. No ano passado a escola ganhou
o título falando da África, encerrando um jejum de 65 anos.
Neste ano, o desfile teve a participação
de 3.200 componentes, divididos em 26 alas e cinco carros alegóricos. A ala das
baianas homenageou a Floresta dos Guarás, uma das maiores reservas florestais
do Maranhão. O Palácio dos Leões, sede do governo, e outros pontos turísticos
da capital São Luís, foram representados nas alegorias, bem como o santuário de São José de Ribamar.
Receber um enredo falando sobre o
Maranhão foi uma honra, segundo Wagner. O tema só foi escolhido depois que ele
já tinha sido contratado pela escola.
“A princípio não sabia qual seria o
enredo. Quando disseram que seria o Maranhão para o carnaval de 2018, fiquei
muito feliz por desenvolver um enredo que falasse da história do meu povo, do
povo maranhense. Me passaram essa responsabilidade de desenvolver a história da
minha maneira. Então, fizemos uma homenagem ao estado, às principais cidades,
festas religiosas, festas culturais, reservas florestais, enfim, um apanhado de
tudo que o estado tem de maravilhoso. Resgatamos alguns momentos da história, como
Balaiada, a Revolta de Bequimão. Fizemos homenagem ao tambor de crioula, à
maior festa que é bumba meu boi, passeamos por Alcântara e a Festa do Divino,
pela Floresta dos Guarás, por São José de Ribamar, pelo importante patrimônio
histórico e artístico de São Luís, enfim, uma homenagem ao estado”, resume o
carnavalesco.
O fato de ser maranhense pode ter
facilitado a conquista pelo título? O carnavalesco acredita que sim. “Eu nasci
na capital e venho de uma família tradicional. Eu sempre fui apaixonado pelo
carnaval. O meu tio Francisco Santos era carnavalesco e foi ele que criou o
manto do bloco tradicional, que hoje é tradição e faz parte da indumentária da
brincadeira. Tem a minha avó, Rita Machado, o meu tio era o poeta Nauro Machado,
então eu estou feliz, porque sei que colaborei no sentido de divulgar a cultura,
a riqueza, a festividade do meu estado”, contou Wagner Santos.
O
ponto alto do bicampeonato
O desfile da Tatuapé foi uma espécie de
roteiro turístico. Para desenvolver o enredo Wagner contou que não foi preciso
vir ao estado especificamente, uma vez que o carnavalesco contou com a ajuda do
professor, escritor e carnavalesco Euclides Moreira Neto que o enviou bastante
material sobre o estado. Disse também que não houve interesse financeiro.
“Nós fizemos um roteiro do estado para divulgar.
Não houve interesse de pegar dinheiro do Maranhão, mas sim fazer uma linda
homenagem porque era um sonho antigo da diretoria fazer isso. Agora, acredito que o samba enredo, comandado
pelo Mestre Igor, foi um momento forte, pois foi orquestrado pela comunidade,
que deu o seu recado, que cantou muito, que pisou forte na avenida e que sabe o
que quer. Se não fosse a comunidade não conseguiríamos ser campeã. Aliás, escola nenhuma pode ser campeã sem uma
grande comunidade para dar vida a esse trabalho desenvolvido pelos
profissionais”, elogiou.
Wagner ainda está contratado para o
carnaval de 2019 da Tatuapé e avisa que em março já começam os trabalhos para
mais um grande espetáculo do carnaval brasileiro. “Um abraço ao povo maranhense
e vamos trabalhar para mais um grande carnaval”, finalizou.
Relembre
A Tatuapé foi a quinta a cruzar o sambódromo
do Anhembi na sexta-feira (9), dia que abriu os desfiles do Grupo Especial. Com
o enredo Maranhão: os tambores vão ecoar
na terra da encantaria, a escola, fundada em 1952, fez uma homenagem ao
estado nordestino e desfilou contando sobre a cultura do local.
A apresentação começou com uma ala que
representava o mar e as caravelas dos portugueses, na chegada deles ao Brasil,
e seguiu com alegorias e fantasias luxuosas que representaram a culinária, as
lendas e as belezas naturais maranhenses.
Carnavalesco
premiado
Wagner já foi carnavalesco da Unidos de
Vila Maria, Padre Paulo, Mocidade Alegre e desenvolveu os últimos oito
carnavais da Acadêmicos do Tucuruvi. Tem em seu currículo três vice-campeonatos,
sendo um dos carnavalescos mais premiados do carnaval de São Paulo e foi considerado 3 vezes o melhor
carnavalesco da cidade pelo Troféu Nota 10.