sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Irreverências com tarja preta

Irreverências com tarja preta

À primeira vista o exemplar do livro IRREVERÊNCIAS, Talvez.... POESIAS, ou quase..., certamente causará estranheza logo na sua aparência. Afinal, tarja preta, por quê? “Porque não é indicado para todo mundo”, explica Raimundo Barrozo Silva Braga, autor do livro.
É com essa irreverência que o autor lança seu primeiro livro de poesias nesta sexta-feira, 16, na Academia Maranhense de Letras. Um livro, como ele mesmo define, instigante que tenta desmistificar uma sociedade preconceituosa, puritana, moralista, fanática, política e religiosa.
“Não sou dono da verdade, mas defendo a minha”. Com frases assim Barrozo permeia 304 páginas com poesias e pensamentos sobre política, religião, cotidiano, pessoas.
Dono de centenas de poesias, nessa obra ele reuniu escritos desde 1967 para compor o livro. São 187 poesias (três são de outros autores) cheias de crítica, inquietude, provocação, ousadia. O choque, para alguns, pode vir logo na capa. A ilustração – uma pessoa crucificada tendo Jesus e satanás ajoelhado aos seus pés - retrata o poema Apocalíptico e Barrozo faz o questionamento: “Deus entregou seu filho amado, Jesus de Nazaré pra morrer na cruz justificando; para salvar o homem do pecado. Quando, o mais racional e mais humano deveria ter crucificado, a satanás (dito cujo: responsável pelos pecados)”.
O poeta Nauro Machado é um dos escritores que completam o livro. Em seu texto na contracapa diz que Barrozo “é um artífice das palavras simples e imbuídas de um conteúdo filosófico”. Já o escritor Paulo Rodrigues em texto da orelha manda um recado: “Vá, meu amigo, meu poeta, com sua consciência, com sua crítica social, com sua voz de roceiro (tão graciosa), engrossar o nosso canto. Segue o Manoel de Barros. Vá voar fora das asas”. 
E assim o livro segue. Em Brasil com “z” (Americanalhado), ele fala da globalização, da valorização da moeda, de fast foods e da americanização no Brasil. Mas em meio a tantas críticas, poemas meio sarcásticos e até um pouco pornográficos, Barrozo faz singelezas como Caju do Quintal, em que fala do velho cajueiro do fundo do seu quintal.


Do campo para as letras
Maranhense de Santa Inês, Barrozo tem 65 anos. A paixão pelos livros veio desde criança. Ele conta que na escola fazia poesias românticas e vendia aos colegas para que eles dessem às suas enamoradas. O amor pelas letras vem desde essa época. “Já sabia que ia ser escritor”, confessa.
O tempo foi passando e Barrozo se tornou atleta de judô e um homem da terra. Cuidando da agricultura deixou a poesia um pouco de lado até que há dois anos, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ter escapado da morte, resolveu reunir seus escritos. “Tive muito apoio para publicar esse livro, inclusive do meu amigo Dr. Wellington Carvalho, então resolvi mostrar um pouquinho do que eu penso”, diz.
Das sequelas do AVC, Barrozo diz que ficaram o atropelo das palavras. De fato, ele pensa mais rápido do que fala. “Não busquei tratamento porque quero ser eu mesmo”, dispara. Por conta disso, deixou a agricultura para se dedicar às letras e diz que deixou de ser estudante, da época da escola, para ser estudioso. “Eu ando à procura de mim”, conclui.



Serviço

O quê? Lançamento do Livro Irreverência, talvez... Poesias, ou quase
Quando? Dia 16 de setembro, às 19h30
Onde? Academia Maranhense de Letras (Rua da Paz, Centro)
Quanto? Aberto ao público

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