quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

De Tribuzzi a Gabriel Melônio

Literatura, música, poesia, emoção, a arte de interpretar. As histórias de um homem da literatura e outro da música serão contadas, respectivamente,  pelas escolas carnavalescas Marambaia do Samba e Turma do Quinto. Uma do Bairro Fátima e outra da Madre Deus, essas escolas tentam conquistar o primeiro lugar no carnaval de São Luís.
A Marambaia do Samba escolheu homenagear o poeta, jornalista e escritor  Bandeira Tribuzi com o enredo De Tribuzi a São Luís, uma louvação ao carnaval. A escola, que conquistou o terceiro lugar em 2015, aposta que este ano vai ganhar o campeonato, o primeiro de uma trajetória de 61 anos.
Já pela introdução do samba enredo, com letra assinada por Denys Melodia e Haroldo Oliveira, dá para perceber o que a escola irá mostrar na avenida. Trechos e versos do Hino de Louvação a São Luís dão uma ideia do que será mostrado. A história, vida e obra, será desenvolvida em um desfile com mil e seiscentas pessoas divididas em 18 alas.
“O começo de tudo, a ida dele para Portugal, a formação dele, o regresso para São Luís, a modernidade com que ele imprimiu nas obras dele, tudo isso será mostrado em um belo desfile. Quando estava fazendo a pesquisa para o samba me apaixonei pelo homem que ele foi para a literatura”, conta Denys Melodia.
Dentre as várias surpresas que o público irá conferir no desfile do dia 7 (domingo), Denys revelou uma. A comissão de frente será com sósias de Tribuzi. “Escultura dele, as imagens, o piano dele, tudo isso será retratado, até porque a composição do samba já fala disso. A letra é minha e de Haroldo Oliveira com participação de Bandeira Tribuzi, já que tem versos de Louvação a São Luís. Pusemos melodia nos versos dele, e que serão interpretados por Demivaldo”, conta Denys.
A linha melódica da Marambaia recebeu uma pequena adaptação para incluir os versos de Tribuzi. “Ele foi um gênio. Me apaixonei pelos poemas dele. Tem um trecho no final do samba que diz, ‘o poema não morre’. E é isso”, avalia.  

Sobre Tribuzi
Bandeira Tribuzi é o pseudônimo de José Tribuzi Pinheiro Gomes, (São Luís-MA, 2/2/1927- 8/9/77). Estudou nas cidades de Porto, Aveiro e Coimbra. Nessa última, em sua famosa Universidade, dedicou-se às Ciências Econômicas e Filosóficas.
Retornou a São Luís, em 1946, passando a exercer intensa atividade intelectual, sendo considerado por muitos o divulgador do modernismo no Maranhão. Trouxe da Europa um acentuado sotaque português e a leitura de Fernando Pessoa, José Régio, Mário de Sá Carneiro, García Lorca... A admiração pelo poeta Manuel Bandeira o levou a antepor o "Bandeira" ao sobrenome Tribuzi para formar o pseudônimo.
Foi poeta, novelista, romancista, dramaturgo, compositor (com 93 composições musicadas, incluindo o hino oficial da cidade de São Luís), ensaísta, crítico literário, historiador e professor. Trabalhou como jornalista em diversos órgãos de imprensa
Sua estreia em livro foi em 1947 com a coletânea de poemas Alguma existência, edição do Autor, seguindo-se Rosa da esperança, Guerra e paz, Safra, Sonetos, Pele & osso, Breve memorial do longo tempo e, em edições póstumas, Poesias completas, de 1979, incluindo vários inéditos, Tropicália consumo & dor, de 1985 e Obra poética, de 2002.

Samba para Gabriel
O intérprete oficial da escola de samba Turma do Quinto, acostumado há 39 anos a cantar homenagens para outros na Avenida, ouvirá este ano, um samba feito especialmente para ele. Gabriel Melônio não estará no chão desta vez, mas em um carro alegórico sendo homenageado. A escola da Madre Deus escolheu o tema O Anjo Gabriel – Tributo ao intérprete Gabriel Melônio e contará toda a trajetória artística e musical do artista.
Para o artista, difícil será segurar a emoção. Suas paixões estarão retratadas no desfile que será feito com pelo menos 2 mil pessoas em 18 alas. O samba O Anjo Gabriel, uma canção da Madre Deus, com letra de Luís Bulcão, José Pereira Godão e Inácio Pinheiro, fala da paixão de Gabriel por Elis Regina, pela Turma do Quinto, pelos times Flamengo e Sampaio e ainda trazem versos de Oração Latina (canção de César Teixeira) imortalizada na voz dele.
“Foi unânime querer homenagear Gabriel. Eu não quero falar muita coisa não para não estragar a surpresa, mas posso dizer que será emoção do começo ao fim do desfile. Vai ser difícil alguém não se emocionar. O Gabriel então...”, diz Nelson Costa, presidente da Escola.
Mistério também será se Gabriel participará nos vocais ao lado do time de puxadores: Inácio Pinheiro, Roberto Ricci, Lucas Neto, Alessandra Loba,  Franklin Hudson. “Acho que ele não vai conseguir cantar”, comenta Nelson Costa.
Todos os preparativos já estão adiantados, segundo Nelson, para que a escola conquiste o campeonato. A Turma do Quinto é a  segunda maior campeão do Carnaval do Maranhão, colecionando 14 títulos em 75 anos de fundação. No ano passado ela ficou em 4º lugar, uma classificação não digerida até hoje. “Nós nunca entramos na Avenida para perder. Se depender da Escola e não de alguns jurados como os que julgaram no ano passado, nós vamos ganhar”, aposta.
Criada como bloco carnavalesco em 1940, a Turma do Quinto nasceu de um desafio ocorrido entre alguns jovens sambistas “madre divinos” e a senhora Neide Carvalho. Assim batizada, a Escola traz o seu nome em alusão ao 5º Batalhão Naval, sediado no bairro. Foi juridicamente registrada somente em 1981 sob a denominação de Sociedade Recreativa e Cultural.

A doce voz do samba
Natural de Anajatuba, Gabriel Melônio chegou a São Luís aos seis anos de idade. Cantor profissional há mais de quarenta anos,  iniciou sua carreira ainda muito pequeno, ao participar do concurso da Rádio Ribamar, em meados da década de cinquenta.
Nos anos setenta, o cantor fez parte do Grupo RTA – Regional Tocada a Álcool e, em seguida, foi convidado para a Turma do Quinto, uma de suas paixões. Em 1986, participou do Projeto Pixinguinha, onde cantou ao lado de Jerry Adriane, Leila Pinheiro e Elba Ramalho.
Embora tenha se dedicado à música, Gabriel Melônio também cursou Radialismo na Universidade Federal do Maranhão.


Elementos

Marambaia do Samba
Desfile: Dia 7 (penúltima escola a desfilar)
Presidência:  Dona Maria Célia
Carnavalesco: Denys Melodia
Componentes: 1.600
Carros alegóricos: 4
Alas: 18
Tripé: 2
Bateria : 110
Baianas: 60

Turma do Quinto
Desfile: Dia 8 (quarta escola a desfilar)
Presidência: Nelson Costa
Carnavalesco: Washington Coelho
Componentes: 2 mil
Carros alegóricos: 5
Alas: 18
Tripé: 2
Bateria:130
Baianas: 70




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