Importante pilar na formação educacional da criança, o Sesc trabalha de forma lúdica e dinâmica a leitura desde a primeira infância. Nesta terça-feira, dia 20 de junho, a agenda do projeto BiblioSesc, biblioteca móvel da instituição que vai ao encontro do leitor e contempla várias comunidades da capital, presenteará os alunos da Escola U.E Joaquim Gomes de Souza, Cohab, com o lançamento do livro “Arte e Manhas do Jabuti”, do escritor maranhense Wilson Marques. Previsto para as 9 horas, o evento inclui sessão de autógrafos.
Contribuindo para a propagação de saberes, o lançamento da mais nova obra literária de Wilson Marques para o público infantojuvenil conta com o apoio cultural do Sesc no Maranhão, instituição que ao longo de quase 70 anos objetivaconquistar novos leitores, democratizar a informação e promover o aprendizado por meio do mundo encantado das letras.
“Arte e Manhas do Jabuti” (Autêntica Editora, 2017) traz recontos da tradição oral dos povos Tenetehara, inicialmente publicados na obra “Os índios Tenetehara, uma cultura em transição”, dos antropólogos Charles Wagley e Eduardo Galvão, no início da década de sessenta.
Fazem parte da coletânea seis narrativas onde o Jabuti, visto por outros animais como ingênuo e limitado, termina por levar a melhor graças à sua astúcia, paciência e, às vezes, malícia. É assim no conto da aposta do Jabuti com o Gambá, quando o Gambá, pensando em sobrepujar seu compadre para tirar dele alimento de graça o ano inteiro, vê-se derrotado. Em outro conto, em que o Jabuti se vê casado com a Mucura, suas vítimas são os próprios cunhados, que ao duvidarem da sua experiência de caçador, voltam-se contra ele tentando eliminá-lo. Por fim tem a Onça, que não poderia ficar de fora. Peso pesado das histórias da tradição oral no Brasil, onde vira e mexe é vista sendo humilhada pelo Coelho, a pintada leva, em dois contos, uma senhora coça do Jabuti.
Os Tenetehara habitam regiões à margem oriental amazônica, em território maranhense. Contam com cerca de quatro séculos de contato com os brancos, numa relação dramaticamente desigual, muitas vezes trágica, que levou especialistas, ainda na década de 40, a afirmarem que a cultura desse povo estava com os dias contados. Mas o que aconteceu foi o contrário. Capazes de conviver e absorver tradições alheias sem perder sua própria essência, os Tenetehara permaneceram. Entre outros motivos, como observa o antropólogo João Damasceno Figueiredo, “pela capacidade que tiveram em manter viva sua língua e ao hábito até hoje praticado de contar e ouvir narrativas através das quais os mais velhos passam aos mais jovens os valores básicos, essenciais da sua cultura”.
Assim, além dos aspectos literários, “Arte e Manhas do Jabuti” aponta para questões interessantes, que convidam para sua leitura. O primeiro, já comentado, diz respeito à importância que narrativas como essas exercem sobre os povos, a fim de que seus saberes e suas línguas permaneçam, como no caso específico dos Tenetehara. Em segundo lugar, por chamar a atenção para um povo detentor de uma cultura rica e sofisticada, cuja arte e visão de mundo precisam ser melhor conhecidas Brasil afora.
Sesc
O incentivo à leitura permeia as ações dos Departamentos Regionais do Sesc em todo o país. A instituição disponibiliza para os brasileiros o quantitativo de 306 bibliotecas fixas, localizadas em todos os estados, e 57 unidades móveis, que percorrem cidades e comunidades periféricas, com empréstimo gratuito de livros, além do trabalho de formação de leitores desenvolvido por meio de projetos e ações para todas as faixas etárias.
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