Apreciando de frente ou de verso, de ponta cabeça ou não, o leitor vai contemplar belas e impressionantes imagens dos Lençóis Maranhenses e do Grand Canyon no olhar do fotógrafo Meireles Jr no livro-documentário Sobrenatural, mais novo trabalho do fotógrafo.
Unir dois grandes patrimônios culturais,
como o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e o Grand Canyon (no deserto do
Arizona, Estados Unidos) já estava nos planos do fotógrafo desde 2013. Explorar as belezas e mistérios entre esses
dois extremos foi o desafio assumido pelo fotógrafo.
Imagens, cores, texturas, pessoas. Está
tudo ali. Um trabalho de encher os olhos e que instiga o leitor a tirar suas
próprias impressões, ao mesmo tempo em que convida para um olhar mais de
perto. Sobrenatural é a realização de um desejo cultivado desde a
publicação do primeiro livro do fotógrafo. E nesse trabalho o leitor também vai
poder conhecer um pouco dos bastidores do projeto, como foi estar ali naqueles
locais e como tudo aconteceu.
Diferente de tudo o que Meireles já fez
na carreira, o projeto lançado agora traz, além de livro e exposição
fotográfica, um documentário audiovisual, que aproxima esses dois cenários
impressionantes. O trabalho tem 20 minutos de duração e revela a pequenez do
homem diante de tamanhas grandezas (sobre)naturais.
“Eu sempre tive vontade de mostrar de
alguma forma para as pessoas a vivência e o os bastidores da produção dos
livros. O projeto do Sobrenatural é
resultado de 3 anos de viagens, 3 mil quilômetros percorridos e mais de 100
horas de gravação. Foram cerca de 4 mil fotos para conseguir revelar as
impressões sobre duas das mais espetaculares paisagens do planeta”, conta
Meireles.
O primeiro trabalho sobre os Lençóis
data de 2003, Descobrindo os Lençóis Maranhenses,
mas a obra de agora tem o diferencial por acrescentar o documentário e
depoimentos de moradores. O documentário é o primeiro do fotógrafo, daí vem o
desafio falado por ele.
Olhar
crítico
Como em todos os trabalhos do fotógrafo,
uma mensagem subliminar é deixada ali. Cada imagem, cada registro reflete o
olhar crítico do profissional, mas remete a uma interpretação única.
“Mostro a verdade. Falo do Rio
Preguiças, por exemplo, como é a mata ciliar, coisas que você não vê todo dia,
mas quando olha de cima, percebe a fragilidade do ecossistema. Eu não estou
aqui pra dizer o que é certo ou errado, isso vai da interpretação do leitor”,
diz.
Sobrenatural
O nome do livro é um capítulo à parte.
Perdida na estrada a caminho da pequena vila de Tusayan, e sem GPS, a equipe
pediu ajuda de uma senhora parada em sua camionete no acostamento. Solícita,
ela se prontificou a conduzi-los até a hospedaria. Ao chegarem, cerca de 40
minutos depois, Meireles, o produtor San Devid e o engenheiro Marcio Buzar se
dirigiram ao carro da prestativa mulher para agradecer. Mas a senhora, com
traços indígenas e cabelos lisos, havia sumido. Quem dirigia a camionete era um
homem de meia idade. Algo sobrenatural havia acontecido!
Este era apenas o primeiro de muitos
mistérios que aconteceriam ao longo da captação das imagens que dariam origem ao
documentário e ao sexto livro do fotógrafo maranhense. “As pessoas não tem
ideia do que são aqueles locais”, comenta Meireles.
Lencóis
e Grand Canyon
Segundo o fotógrafo, o Parque Nacional dos Lençóis e o Parque
Nacional do Grand Canyon são paraíso de singulares paisagens. Em qualquer
direção encontra-se um cartão postal. Além de imagens, pessoas compõe o
trabalho que foi muito além das imagens. “Captamos também palavras que há muito
cintilavam na areia sem forma e gestos que corriam para o mar e se perdiam no
sal sem nenhum adjetivo”, diz o fotógrafo. Nas palavras de Meireles, a ideia é
aproximar dois lugares mágicos e desafiadores, que, apesar da grande distância
geográfica e das diferenças culturais, entrelaçam-se em vários momentos, seja
pela energia ou pelos mistérios.
Em um trecho do livro, Meireles relata a
experiência de quem passou por aqueles locais. Ele mesmo caminhou mil
quilômetros dentro do Canyon, especificamente. “Os motivos que levam as pessoas aos Lençóis
Maranhenses e ao Grand Canyon são vários e se assemelham. Uma coisa que chama
atenção é o constante número de pessoas que ali se atrevem para um momento de
reflexão espiritual. Caminhos percorridos vão desvendando a alma do andarilho
pouco a pouco. Entra-se com o coração deserto, sai-se com o coração pacífico,
inundado de sol”.
Carreira
Designer por formação, Meireles iniciou
sua carreira como fotógrafo em 1995. Desenvolveu, ao longo dos anos, uma
técnica apurada, que lhe rendeu premiações, elogios da crítica especializada e
principalmente, um imenso respeito do público em geral.
Uma das principais características de
seu trabalho é a inquietação. Sempre em busca de um novo projeto que possa
traduzir a realidade em imagens, Meireles extrai do cotidiano e das paisagens
ângulos e nuances que intrigam e surpreendem. Dinamismo que persegue a
perfeição e tem sido determinante para o sucesso de seus projetos.
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