sábado, 20 de dezembro de 2014

100 anos de Caymmi, com Danilo Caymmi

O ano de 2014 para a família Caymmi foi especialmente todo dedicado à memória do compositor baiano Dorival Caymmi. As comemorações pelo ano do centenário de nascimento do artista (1914-2008) começaram em novembro do ano passado na abertura do Festival Villa-Lobos, quando Nana, Dori e Danilo Caymmi subiram ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para dar o pontapé inicial nos festejos do centenário.

Nenhum dos três irmãos desenvolveu algum projeto pessoal nesse período. A intenção é deixar inesquecível esse centenário e incentivar para que outras homenagens a outras personalidades aconteçam. As festividades em favor da obra do compositor vem acontecendo em todo o Brasil nas mais diferentes linguagens, seja na literatura, nas artes plásticas, na música – com os três irmãos juntos ou em espetáculos solos-, em documentários audiovisuais, ou mesmo em palestras e debates. Uma dessas homenagens os ludovicenses verão aqui em São Luís com o show de Danilo Caymmi, hoje, às 20h, com o espetáculo Dorival 100 Anos, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro).


Em entrevista, por telefone, Danilo afirmou estar bem satisfeito com tudo o que está sendo feito e que ainda continuará a ser realizado em 2015 sobre a vida e a obra do pai. O mais novo dos filhos de Dorival esteve em São Luís em agosto deste ano, ocasião em que fez um show intimista na Ponta do Bonfim pelo projeto Música e Por do Sol. Mas este agora, totalmente diferente, será surpreendente para o público, segundo Danilo. O cantor vem acompanhado dos violonistas Davi Melo e André Siqueira para um show quase todo dedicado à obra do pai.

“Eu nunca tinha estado em São Luís. Fui em agosto, gostei muito daí, fiz alguns amigos e agora estou voltando para mostrar um repertório muito alegre, um show dinâmico que foi feito muito em função do público que estará no teatro e eu quero que as pessoas se divirtam. O show é do centenário do meu pai, mas também terá coisas minhas e algumas surpresas para o público”, conta.

Danilo enumera algumas canções que estarão no repertório dando ênfase para o legado de Caymmi, o pai, como: Minha Jangada, Maracangalha, Marina, Nem eu, A Vizinha do Lado, Vatapá, além de canções dos anos 50, praieiras e sambas, a exemplo de O que é que a baiana tem?. Da obra de Danilo não faltarão Andança ( parceria com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), Vamos falar de Tereza (tema de Teresa Batista Cansada de Guerra, minissérie baseada na obra de Jorge Amado), parceria dele com o pai; além de músicas da trilha sonora de Riacho Doce (minissérie exibida pela Rede Globo em 1990; entre outras.

Cantor, compositor e arranjador, Danilo, iniciou na carreira como flautista na gravação do disco Caymmi Visita Tom, de 1964. A flauta ele ganhou do pai quando tinha 11 anos. Cursou cinco anos de Arquitetura, mas a música falou mais alto, principalmente quando em 1968, participou do II Festival Internacional da Canção Popular com Andança, classificada em 3º lugar na interpretação de Beth Carvalho e o grupo Golden Boys. “Bem aí eu vi que não tinha jeito. Tinha que ser a música (risos)”, comenta Danilo afirmando que ainda gostava de trombone, mas o pai fez de tudo para tirar essa ideia da cabeça dele.

O homenageado

Dorival Caymmi, dono de monumental obra talhada ao longo de quase oito décadas de carreira, é responsável por um sem número de sucessos e por uma das proles mais musicais do Brasil.

Caymmi projetou a musical Bahia que hoje todos conhecemos tendo sido hit na voz de Carmem Miranda. A O que é que a baiana tem?, imortalizada pela brazilian bombshell, seguiu-se obra lapidar que todo mundo, vez em quando assobia, mesmo às vezes desconhecendo seu autor. Quem não gosta de samba bom sujeito não é, cravou certeiro numa delas.

Seis perguntas//Danilo Caymmi

Qual é o formato do seu show?

“É um show bem dinâmico, com total interação com o público, um show muito divertido como gosto de fazer. Terá muito humor também que é uma característica da minha família. Eu conto umas histórias referentes às canções do meu pai, dos bastidores, algumas curiosidades da carreira e é tudo muito lúdico, com brincadeiras. Um show para divertir e acho que as pessoas vão gostar muito”.

Como é que tem sido essa temporada de homenagens?

“Foram vários produtos envolvendo a vida e obra do meu pai. Foram lançados três livros; teve a reedição da biografia; discos com Nana e Dori; um outro com participação de Gilberto (Gil), Chico (Buarque) e Caetano (Veloso); exposição em Brasília (“Caymmi - 100 anos”, no Centro Cultural Correios); documentários para a televisão e para o cinema; além de atividades de pensamento, como debates e palestras; um balé; enfim muitos produtos. Trabalhamos arduamente para que Caymmi seja lembrado porque ele não pertence à nossa família, mas ao povo brasileiro.

O mais legal disso é que vemos estudantes, crianças que fizeram vários trabalhos escolares sobre Dorival. Então trata-se de memória para cultura nacional e tomara que isso seja passado para outros centenários também”.

E as festividades do centenário encerram este ano?

“Não. Em 2015 continua o projeto. Tem o balé e o musical para os quais eu já fui contatado. Já realizamos 70 por cento de tudo o que foi programado. E tudo em função de deixar viva a memória de Dorival Caymi para que ele seja lembrado para sempre”.

Ter nascido em uma família musical facilitou a sua entrada para a carreira?

“Sim. Até cheguei a cursar Arquitetura, mas foi uma época em que ganhei o festival com Andança e aí vi que a música estava mais forte acabei deixando o curso. É coisa de família. Tem também a minha filha Alice que está começando muito bem como cantora... A nossa educação foi muito bacana. Meus pais tinham uma pinacoteca muito grande, fomos influenciados não só pela música, mas pelas artes plásticas, pela literatura, eles passavam tudo isso para a gente, então foi um caminho natural”.

Vocês têm muita semelhança com a voz de Dorival. No que mais você se parece com ele?

“Com a da minha mãe também (risos). Mas acho que tenho o temperamento dele, sou muito tranquilo, gosto do palco, sou muito estradeiro também, como ele era, e tenho o humor que é uma característica da família”.

De São Luís o show segue pra onde?

“Tenho viajado o Brasil inteiro em show solo, com os meus irmãos e também com o Cláudio Nucci. Não lançamos nenhum trabalho solo. Fizemos tudo em função desse centenário, pois a ideia é torná-lo inesquecível. Mas depois do show em São Luís eu vou descansar um pouco (risos), talvez ir para Mauá (Rio de Janeiro) onde sempre costumo ir e passar este final de ano”.

SERVIÇO

O quê? Espetáculo Dorival 100 anos, com Danilo Caymmi
Quando? Hoje (20), às 20h
Onde? Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)
Quanto? R$ 60 (plateia), R$ 50 (frisa e camarote) e R$ 40 (balcão e galeria)

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