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terça-feira, 19 de agosto de 2014
Xangai hoje no TAA
Considerado o melhor intérprete das canções do compositor Elomar, o consagrado cantor Xangai se apresenta em São Luís no dia 19 (terça-feira), às 20h30, no Teatro Arthur Azevedo, com o show Xangai em Cantoria canta Elomar. A noite musical será aberta com um concerto realizado pelo músico baiano João Liberato (flauta) e pelo sergipano Ricardo Vieira (Violão), que vem expandindo os horizontes da música instrumental brasileira através do trabalho de pesquisa e divulgação da mesma e apresentará ao público um repertório variado de peças brasileiras escritas ou arranjadas para flauta e violão de 7 cordas.
No repertório alguns dos gêneros genuinamente brasileiros, numa das mais representativas formações instrumentais da cultura brasileira, além de autores consagrados, como Jacob do Bandolim e Egberto Gismonti.
João Liberato e Ricardo Vieira em seguida acompanharão a apresentação de Xangai que trará um pouco da extensa obra de Elomar. “Eu diria que são fragmentos, um pequeno apanhado do que ele compôs que é uma obra muito vasta, todas excelentes composições”, afirmou Xangai em entrevista por telefone a O Imparcial.
O violeiro que esteve no ano passado em São Luís com um show feito especialmente para a cidade, conta que é sempre um prazer cantar Elomar, algo que faz desde sempre em vários trabalhos. “Somos galos do mesmo terreno, então é natural que isso aconteça (risos)”, comentou Xangai.
O show será composto por canções de gêneros diversos, desde clássicos do nordeste do Brasil, como Curvas do Rio, até ícones da música latino-americana, como El Carretero. No entanto, o foco será no cancioneiro de Elomar, o mais destacado trovador brasileiro. As canções de Elomar situam-se dentro do universo que os estudiosos classificam como modal e que no ocidente está mais ligado à era medieval, sendo criadas principalmente a partir de modos ao invés de tonalidades.
Este modalismo amalgamou-se na nossa cultura e perdura há séculos no subconsciente nordestino, precedendo o racionalismo do sistema tonal. As trovas e as cantigas que Elomar compôs sobre esta estrutura trazem uma carga genética ibérica, por sua vez carregada historicamente de sonoridades árabes, que chegaram ao Brasil nos alaúdes portugueses no período da colonização. O braço do violão “elomariano” tem geralmente as cordas presas na terceira ou na quinta casa por um capo traste, uma pestana artificial, que permite a criação de uma sonoridade diferenciada. A terminologia peculiar que usa nas letras de suas cantigas provém do dialeto que ainda reina entre os vaqueiros das localidades mais recônditas do sertão do Brasil.
Exímio violeiro, poeta e contador de boas histórias, além de um conhecedor da linguagem sertaneja utilizada por Elomar, a apresentação de Xangai será permeada por importantes esclarecimentos a respeito das letras das canções. Então virá muita história por aí, deste que é considerado o melhor intérprete de Elomar, propiciando inclusive a facilitação do entendimento das composições dele, classificado como erudito por muitos. Cantador, trovador, violeiro, gravou, além dos discos individuais, um em parceria com Renato Teixeira e dois volumes do disco Cantoria, resultado de um show ao lado de Elomar, Vital Farias e Geraldo Azevedo realizado em 1984. Com sua voz penetrante e muito característica, interpreta composições próprias e adaptações do folclore nordestino, em ritmo de Xote, Cocos e Toadas.
Quatro perguntas para//Xangai
O que dizer de Xangai cantando Elomar?
Esse show é um fragmento dessas andanças pela obra de Elomar, um pequeno apanhado do que ele compôs porque a obra dele é muito grande. Dizem que sou o melhor intérprete dele, mas não acho, acho que eu compreendo bem a linguagem que ele apresenta em suas composições. É muita vivência, então eu não preciso estudar para entender o que os catingueiros falam. Ele usa a linguagem do povo do sertão que é uma linguagem que também conheço. Então reuni os músicos preparamos algumas músicas e estamos levando essa cantoria, abrindo o show com a música Na Estrada das Areias de Ouro.
Mas você canta também suas composições?
Sim, tem algumas minhas também e outras frutos de parcerias que tenho feito. Adaptamos o repertório da obra dele para esse show que é um trabalho que já vínhamos fazendo em São Paulo, na Suíça, depois em Manaus, em vários lugares. Um trabalho que está sendo considerado em todos os locais que passamos de uma riqueza muito grande.
O que tem melhor da obra de Xangai em você?
Tudo. Toda a obra dele, tudo que ele compôs é irretocável. Já gravei outros trabalhos dele em CD e DVDs e shows. O trabalho todo dele me é maravilhoso, é emblemático. Qualquer música que a gente pegasse para colocar no repertório tinha o mesmo peso.
O que o Elomar fala dessa homenagem à obra dele?
Ele gosta muito que eu cante as músicas dele, porque nós somos galos do mesmo terreno, somos do mesmo lugar, de Vitória da Conquista, moramos e convivemos juntos. Então é natural ter essa fidelidade à obra dele, ao que ele compõe. Tem vários músicos por aí que gravam o trabalho dele e por vezes tentam corrigir erroneamente algo que ali está, achando que talvez ele tenha escrito ou se expressado errado. Eu não digo que sou o melhor, mas canto as músicas dele como ele escreve e entendo tudo o que ele escreve.
Serviço
O quê? Xangai em Cantoria canta Elomar
Quando? Hoje, às 20h30
Onde? Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)
Quanto? R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia entrada)
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